15.12.08

CICLO AO LUAR (Desta vez vai)

DE 15 a 19 de Dezembro às 20:30hrs

COMEÇA HOJE (15/12) O CICLO AO LUAR COM O FILME CANTANDO NA CHUVA ÀS 20:30HR no SESC

A SEMANA SEGUE COM OS FILMES:

O PICOLINO
O MÁGICO DE OZ
NÚPCIAS REAIS

E UM FILME SURPRESA NA SEXTA-FEIRA

VENHAM TODOS CURTIR UM "PRÉ-NATAL" COM UM CLÁSSICO À LUZ DO LUAR.

ABRAÇOS

5.12.08

CICLO AO LUAR - DE 08 a 12 de Dezembro

DE 08 a 12 de DEZEMBRO (segunda a sexta) às 20:30h no SESC



1- CASABLANCA
(Casablanca, 1942)

Rick é dono de um famoso bar localizado em Casablanca, no Marrocos Francês, durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade é rota de fuga para quem deseja evitar os nazistas, onde passes livres são vendidos por um salgado preço no mercado negro. Neste caótico ambiente, Rick encontra Ilsa, com quem tivera um amor interrompido inesperadamente há algum tempo, em Paris. Vencedor do Oscar de Melhor Filme, Diretor e Roteiro, possui ainda uma das mais belas canções já compostas para um filme, "As Time Goes By".



2 - O PICOLINO
(Top Hat, 1935)

Um bailarino é contratado para estrelar um musical. Em meio aos ensaios, ele conhece e se apaixona por uma bela mulher. Porém, o romance entre os dois é interrompido porque ela pensa que o bailarino é noivo de sua amiga. Com Fred Astaire e Ginger Rogers. Recebeu 4 indicações ao Oscar



3- CANTANDO NA CHUVA
(Singin' the Rain, 1952)

Em 1927, Hollywood está um verdadeiro rebuliço, com a transição do cinema mudo para o falado. Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hage), o casal mais querido do cinema mudo, prepara-se para rodar um musical. Mas infelizmente Lina não só não sabe cantar, como tem uma voz horrível. A estreante Kathy Selden (Debbie Reynolds) é chamada a emprestar sua voz à estrela. As gravações são uma confusão, mas tudo piora quando Don se apaixona pela doce Kathy. Ao lado de seu inseparável amigo, o compositor Cosmo Brown (Donald O' Connor), ele tenta mostrar ao mundo o talento de Kathy



4- O MÁGICO DE OZ
(The Wizard Of Oz, 1939)

(The Wizard Of Oz, 1939) Nós batemos nossos saltos na expectativa. Não há lugar como o lar e nenhum filme como este. De geração para geração, O Mágico de Oz nos mantém unidos - crianças, adultos, famílias, amigos. A impressionante terra de Oz, um mundo de sonhos que viram realidade, de florestas encantadas, espantalhos dançantes e leões cantates, uma mágica aventura recheada de maravilhosas canções. Baseado na preciosa série de livros de L. Frank Baum, O Mágico de Oz foi julgado o melhor filme familiar de todos os tempos pelo American Film Institute. E essa restauração nunca vista antes parece e soa melhor do que antes. Nós convidamos você para embarcar rumo a Cidade Esmeralda na mais famosa estrada da história do cinema. Dorothy (Judy Galard), Espantalho (Ray Bolger), Homem-de-Lata (Jack Haley) e Leão Covarde (Bert Lahr) esperam por você na Estrada dos Tijolos Amarelos e Over The Rainbow.



5- NÚPCIAS REAIS
(Royal Wedding, 1951)

Dois irmãos bem distintos, ele sério e ela baladeira, embarcam para Londres para um importante show. As diversões da irmã colocam em perigo o sucesso da dupla.

3.11.08

08/11 - Bem-vindo a Casa de Bonecas (Todd Solondz)

Neste Sábado dia 08/11 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA

Título Original: Welcome to the Dollhouse
Gênero: Comédia Dramática
Tempo de Duração: 89 minutos Ano de Lançamento (EUA): 1995
Site Oficial: www.spe.sony.com/classics/welcome/index.html
Estúdio: Suburban Pictures
Distribuição: Sony Pictures Classics
Direção: Todd Solondz
Roteiro: Todd Solondz
Produção: Todd Solondz
Música: Jill Wisoff
Fotografia: Randy Drummond
Desenho de Produção: Susan Block
Direção de Arte: Lori Solondz
Figurino: Melissa Toth
Edição: Alan Oxman




seta3.gif (99 bytes) Elenco
Heather Matarazzo (Dawn Wiener)
Matthew Faber (Mark Wiener)
Daria Kalinina (Missy Wiener)
Brendan Sexton III (Brandon McCarthy)
Eric Mabius (Steve Rodgers)
Will Lyman (Sr. Edwards)
Rica Martens (Sra. Grissom)
Dimitri DeFresco (Ralphy)
Stacey Moseley (Mary Ellen Moriarthy)
Herbie Duarte (Lance)
Telly Pontidis (Jed)
Christina Brucato (Cookie)
Victoria Davis (Lolita)



seta3.gif (99 bytes) Sinopse Dawn Weiner (Heather Matarazzo) não tem motivos para gostar da escola, na qual estuda na sétima série. Ela é uma adolescente complexada e há motivos para isto. No seu colégio é ridicularizada pelos colegas, que a chamam de "Salsicha", e seu relacionamento com sua família não é dos melhores. Ela deseja ser aceita de qualquer jeito e para isto planeja namorar um rapaz mais velho, que é muito popular, apesar disto ser totalmente improvável.

Depois de assistir a “Bem-vindo à Casa de Bonecas” (Welcome to the Dollhouse, EUA, 1995) e dar uma boa olhada numa foto do seu diretor, Todd Solondz, é inevitável pensar no quanto o filme contém de autobiográfico. Trata-se, afinal, de um retrato demolidor da família típica norte-americana, centrada no figura de uma pré-adolescente estilo “patinho feio”, que é uma descrição muito apropriada para a figura mirrada de óculos fundo-de-garrafa que é o diretor. Impressiona, sobretudo, a enorme crueldade com que Solondz trata sua personagem principal, expondo sem piedade sua agonia desesperada para ser ouvida por alguém, qualquer pessoa, ainda que para isso precise passar por situações constrangedoras e/ou humilhantes.

Nesse sentido, o relacionamento mais esclarecedor do filme é aquele que une a protagonista Dawn (Heather Matarazzo) e o colega de classe Brandon (Brendan Sexton III). Ambos têm na faixa dos 13 anos e são solenemente desprezados pelos amigos. Brandon, menino cheio de hormônios, decide que a melhor maneira de romper a casca que o separa do resto do mundo é humilhando com violência a única pessoa que conhece a estar situada abaixo dele na escala de desprezo do colégio – e esta pessoa é Dawn. Então, como se despreza alguém aos 13 anos? Com ameaças de surras e estupros.

Ocorre que Dawn, agônica e irascível, está a aponto de explodir de tanta frustração solitária. Ninguém lhe entende, ninguém lhe dá atenção. Dentro da própria família, ela é um zero à esquerda. A irmã mais nova (Daria Kalinina) é a bonita e o irmão mais velho (Matthew Faber), o inteligente; o que lhe resta é o rótulo invisível de “burra e feia”. Os pais lhe ignoram. Ela é uma das piores alunas da turma, se veste mal, tem o rosto cheio de espinhas e está acima do peso, o que significa virar alvo de chacota e piadas constantes dos colegas de colégio e até dos familiares. Dawn está disposta a tudo para arrumar companhia. Talvez até mesmo se deixar ser estuprada. A amizade que surge entre ela e Brandon é tortuosa, mas sincera. É a amizade de duas almas incompreendidas.

“Bem-vindo à Casa de Bonecas” é um retrato cáustico e cruel do isolamento social a que os indivíduos que não se encaixam nos padrões ditos “normais” são submetidos. A partir da virada entre os anos 1980 e 1990, talvez a partir da pequena pérola “Sexo, Mentiras e Videotape” (1998, de Steven Soderbergh), o cinema independente produzido nos EUA revelou uma série de bons cineastas dedicas a desmontar a hipocrisia da família norte-americana, como uma criança faria com um Lego. Terry Zwigoff (“Ghost World”) e Paul Thomas Anderson (“Magnólia”) são alguns desses nomes que filmam o que há por trás da aparência de normalidade das casa de subúrbio em que vivem os perseguidores do “sonho americano”. Solondz é o mais radical deles.

A habilidade deste diretor nascido e criado em Nova Jersey, nos arredores de Nova York, é inquestionável. A narrativa de “Bem-vindo à Casa de Bonecas” é limpa e sem gorduras, o texto é cru e ácido, os diálogos são inteligentes. Filmado em locações reais e com um orçamento menor do que US$ 1 milhão, o segundo longa-metragem do cineasta exala espontaneidade e crueza, transitando numa terra de ninguém entre o cômico e o trágico, de forma que o filme em geral soa melancólico e amargo, mas com um forte cheiro de comédia.

Solondz tem sido muitas vezes questionado e criticado por submeter seus personagens a situações de grande crueldade, sem deixar transparecer, como outros cineastas, nenhum afeto por eles. Gostar ou não desse tipo de abordagem é algo pessoal, mas não há como negar que a voz de Todd Solondz é uma das mais altas a gritar contra a alienação social nos EUA, o que o transforma inevitavelmente em porta-voz dos socialmente isolados. Vindo de um sujeito magrelo e feioso, não é muito difícil imaginar que o filme contém muito da experiência pessoal de Solondz, curiosamente um cineasta que não circula em Hollywood e permanece bastante isolado dos seus pares, como um Dawn do sexo masculino e na idade adulta. Isso é curioso, e certamente põe o diretor numa posição peculiar e interessante. Quem gosta de cinema transgressor deveria dar uma espiada atenta nos filmes dele.

“Bem-vindo à Casa de Bonecas” foi lançado no Brasil nos cinemas, em 1996, e exibido em circuito restrito às salas de arte. Jamais saiu em DVD. Nos EUA, a edição existente é da Columbia, e contém apenas o filme (imagem em formato wide anamórfico 16:9 e som em Dolby Digital 2.0) com um trailer como único extra.

- Bem-vindo à Casa de Bonecas (Welcome to the Dollhouse, EUA, 1995) Direção: Todd Solondz Elenco: Heather Matarazzo, Matthew Faber, Daria Kalinina, Brendan Sexton III Duração: 89 minutos

27.10.08

01/11 - A Troca (Peter Medak)

Neste Sábado dia 01/11 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA



Desde a trágica morte de sua família, o compositor John Russell (George C. Scott), abandonou Nova Iorque e agora vive numa casa solitária na esperança de continuar compondo e encontrar a paz. Enquanto ele aprecia o silêncio e solidão de sua nova residência, ele começa a ver constantemente o corpo de um jovem rapaz. Nas suas pesquisas pela casa, ele descobre uma entrada secreta para um antigo quarto de criança, que permaneceu esquecido durante muito tempo. Nele, John encontra uma cadeira de rodas e uma caixinha de música e sente que alguma coisa terrível deve ter acontecido neste quarto. Possivelmente, devido ao seu trauma, ele está aberto a se comunicar com os espíritos ocupantes da casa e tenta fazer contato através de um médium. A sinistra sessão espírita revela um acontecimento que permaneceu, até então, em segredo...
Gênero Suspense/ Terror
Atores George C. Scott, Trish VanDevere, Melvyn Douglas, John Colicos, Jean Marsh, Barry Morse, James Douglas, Madeleine Thornton-Sherwood, Roberta Maxwell, Bernard Behrens,
Direção Peter Medak,
Idioma Inglês,
Legendas Português
Ano de produção 1979
País de produção Estados Unidos,
Duração 115 min.

Sem Sangue, sem CGI

Vander Colombo

Desta vez devo-lhe fazer uma confissão: Não, o diretor do filme desta semana não é um grande diretor. Na verdade, Peter Medak até fez algumas coisas capazes de envergonhar o dúbio título dos convocados ao “Masters of Horror” da Multishow.

Aí chega a hora de você se perguntar: “Ta, e por que diabos escalou um filme do cara pra essa semana?” E lhe respondo, porque A Troca, é um filme ímpar na estante dos filmes de terror em língua inglesa. Primeiro, porque o filme não tem uma única gota de sangue e um único efeito especial “off camera” ou seja, não há um único efeito que foi realizado em cima da imagem posteriormente, todos eles foram habilmente feitos apenas com trucagens de câmera.

“Ok, Vander, Drácula e Frankenstein de 1931, Nosferatu e muitos outros filmes também foram feitos assim” Sim, lógico que por necessidade, mas é verdade, porém a Troca não é um filme de monstro, mas um filme de fantasmas feito em 1979, isso é, depois de Tubarão e Guerra nas Estrelas, sendo que depois desses filmes o “ó do borogodó” era encher o filme de efeitos especiais até o talo (lembra de Poltergeist?) aliás, “era” é bondade minha, ainda o é (lembra de qualquer um dos últimos filmes que assistiu no shopping?).

Em A Troca, George C. Scott é um compositor que após a morte da família muda-se para um grande casa, onde pouco a pouco começa a perceber estranhezas. O compositor aos poucos vai tentando decifrar o que ele mais tarde acredita ser uma mensagem. E é justamente aí que o filme torna-se mais interessante que pencas de outro do gênero, pois ao invés de segurar a platéia com banhos de sangue, ele a faz participar da investigação com todo o interesse possível, e convenhamos isso não é das coisas mais fáceis em filmes do estilo, até porque a “entidade” não é um professor de literatura antiga evocando clássicos como A Divina Comédia ou fazendo enigmas à luz de Aristóteles, mas simplesmente um interlocutor com segredos inquietantes.

E afinal será Halloween, um feriado que não comemoramos e nem fazemos feriado, mas graças aos enlatados dominamos. E Halloween é sinônimo de serial killer, que aliás também não temos por aqui, fantasmas dizem que tem em todo lugar e parece que não foram patenteados, o que nos dá uma sensação maior de participação na trama (A que ponto chegamos quando para nós o sobrenatural é o mais próximo possível do verossímil?).

A Troca se não for um filme que estimule a inteligência é no mínimo um estímulo à sua criatividade dedutiva. Vez ou outra é interessante não somente “assistir” um filme, mas “observa-lo” no sentido ativo do verbo. Digamos que na categoria de filmes de gênero isso tem sido de uma raridade similar a conseguir conversar com um fantasma.

O filme “A Troca” será exibido neste sábado dia 01/11 às 19:30h

No SESC Cineclube Silenzio.

A entrada é gratuita

24.10.08

25/10 - Gritos e Sussurros (Ingmar Bergman)

Neste Sábado dia 25/10 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA



Um dos filmes mais perturbadores do mestre Ingmar Bergman, Gritos & Sussurros é apresentado, pela primeira vez no Brasil, em versão restaurada e remasterizada no formato widescreen, que resgata em todo seu esplendor a belíssima fotografia do genial Sven Nykvist, premiada com o Oscar da categoria. Numa casa de campo, Agnes recebe, à beira da morte, os cuidados de suas duas irmãs e de uma dedicada empregada da família. Neste ambiente claustrofóbico, acompanhamos as imaginações, lembranças e frustrações destas quatro mulheres. Indicado a 5 Oscar, incluindo Melhor Filme e Direção, Gritos & Sussurros é obra-prima de uma riqueza infinita, obrigatória na coleção de todo cinéfilo.
Gênero Arte
Atores Liv Ullman, Ingrid Thulin, Harriet Andersson, Kari Sylwan, Erland Josephson,
Direção Ingmar Bergman,
Idioma Sueco,
Legendas Português,
Ano de produção 1972
País de produção Suécia,
Duração 106 min.

Estou morta, mas não consigo dormir.

Vander Colombo.

Dizer que o texto vai de encontro a Ibsen ou mesmo Tchecov, seria minimizá-lo. Não fosse o fato da humanidade não imortalizar seus contemporâneos, Ingmar Bergman estaria no mesmo patamar de seus dois antecessores, sem tirar ou pôr.

Na época que começava a produção de Gritos e Sussurros, Bergman dava instruções aos seus companheiros de set, de que aquilo não era uma história, era um sentimento, aquilo não era uma casa, mas o interior de uma alma fragilizada. Por conta disso o vermelho que iria dominar o filme junto ao branco e negro, era tão somente como a membrana úmida que segundo Bergman cobria esta mesma alma.

O universo é feminino, suas atrizes já declaravam que Bergman talvez entendesse melhor este universo que as próprias mulheres. E o sentimento, bom, primeiramente como poderia eu traçar a sinopse de um sentimento..., porém, comum à obra bergmaniana, o sentimento é resultante da fé versus o vazio divino. Desumanização graças aos ranços da moral religiosa. Bergman em sua filmografia nos faz desconfiar de pessoas que falam demais de Deus... E, se analisamos ao redor, vemos que a informação não passa ao largo da realidade. Pessoas que se escondem em maneirismos, repreendendo suas próprias frustrações, desejos e taras (quando não para atingirem seus objetivos sejam eles financeiros, políticos ou de escalada social), perdem sua humanidade mascarando-a em sentimentos infinitamente piores como falsidade, hipocrisia e crueldade avalizados pelos textos bíblicos.

A três irmãs apresentadas em Gritos e Sussurros encaixam-se nesta conveniência hipócrita, evitando ao máximo transmitir ternura, limitando-se a declará-la em frases átonas.

Uma das irmãs, doente terminal, é talvez a que tenta em vão extrair essa humanidade petrificada das duas outras, mas a única ternura vem da ama que perdera o rebento, e assim como o leite que se esvai de um peito sem filhos pra alimentar, ela dedica seu carinho a essa mulher crescida.

As poucas figuras masculinas que figuram são hediondas, ríspidas, os chamados “varões” que de tão brutalizados (como figuras masculinas típicas da bíblia) perdem a própria dignidade num jogo egótico, utilizando-se das três como peões, que aí, como manda a cartilha, desprendem um amor romântico formalizado.

Esta alma expressa por Bergman é claustrofóbica e pulsante, parecendo cada vez mais se fechar sobre elas, uma alma que conforme se retrai, parece petrificar gerando uma angústia inversamente proporcional. Sua “membrana” belissimamente fotografada pelo gênio Sven Nykvist traduz em cores e luz toda a complexidade da mente etérea do diretor.

Bergman ganhou da crítica o título de deus, mas Bergman não era divino, até porque o adjetivo lhe seria ofensivo. Ao contrário, possuía um humanismo e uma noção de fraternidade que muitos santos dariam a auréola para ter, ainda mais em tempos em que se fala da beatificação de Pio XII.

O filme “Gritos e Sussurros” será exibido neste sábado dia 25/10 às 19:30h

No SESC Cineclube Silenzio.

A entrada é gratuita.

15.10.08

18/10 - O Vídeo de Benny (Michael Haneke)

Neste Sábado dia 18/10 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA


Adolescente de família rica, Benny compensa a ausência dos pais com as emoções do mundo dos vídeos. Aos poucos, sem que as pessoas percebam, seus valores e noções de realidade começam a mudar. Aproveitando que seus pais estão no campo, ele leva uma garota para passar o final de semana no apartamento. O que começa como um tímido 'love story' termina em catástrofe. A vida da família nunca mais será a mesma.
diretor Michael Haneke roteiro Michael Haneke fotografia Christian Berger música J. S. Bach elenco Arno Frisch, Angela Winkler, Ulrich Mühe, Ingrid Strassner produtora Vega, Filmproduktion GmbH. Longa-metragem - 105 min. minutos Col.
O que segue é desaconselhável para menores de 10 anos.

Vander Colombo

"A violência está em todo lugar,

não é por causa do álcool, nem é por causa das drogas.

A violência é nossa vizinha,

não é só por culpa sua, nem é só por culpa minha,

violência gera violência"

(Titãs - Música: Violência –

Álbum: Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas, 1990)

A vítima é uma garota de 15 anos. Morta com vários disparos de pistola de ar comprimido, a mesma arma usada no abate de animais. O autor dos disparos, um garoto da mesma idade, filho de um de um grande empresário da cidade. O garoto filmou a morte da menina, diz-se que incentivado pela exposição demasiada a filmes violentos.

O que parece uma daquelas notícias que se vê todos os dias nos jornais é a premissa básica do filme O Vídeo de Benny do austríaco Michael Haneke. Aliás, Haneke não fez apenas um estudo sobre a violência, mas quase que uma filmografia toda recorrendo ao embasamento de nomes como Locke, Hobbes, Foucault entre outros. Na verdade cada um de seus filmes fala de algum tipo de violência, seja ela física ou psicológica. A trilogia da incomunicabilidade (que além desse, conta com O Sétimo Continente e 71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso que falam respectivamente de um pai de família que num momento de dificuldade lentamente organiza seu suicídio e a morte da família, e de uma amalgama de cenas de vida aparentemente desconectadas que são afetadas pelas notícias de jornais televisivos.) juntamente com títulos como Violência Gratuita (que recentemente foi refilmado pelo próprio diretor nos EUA), A Professora de Piano e O Tempo do Lobo conseguem fazer uma grande tese sobre a violência moderna recorrendo tão pouco a cenas de violência gráfica que deve enrubescer diretores que se dedicam a mesma função fazendo espetáculos gore.

Porém, nenhuma das abordagens de Haneke são simples ou diretas como a premissa do primeiro parágrafo indica. O diretor está mais preocupado em fazer cada espectador fazer sua própria teoria do que tentado explicar a gênese da violência como conhecemos. Seria fácil dizermos que Benny cometeu assassinato por gostar de filmes violentos como comumente a televisão de nossas Américas gosta tanto de fazer, entretanto, algo que Haneke bate forte sem julgar é a indiferença dos pais que se orgulham da liberdade dada aos filhos, ao se unir os dois motivos mais nítidos nasce o vídeo preferido de Benny que mostra a morte de um porco, filmado por ele mesmo numa das fazendas do pai, neste caso pode-se ter um entendimento da auto-crítica de Haneke perante os cineastas e a liberdade ditatorial de impor seu ângulo de visão aos seus espectadores.

Haneke sabe como poucos que a violência inerente exposta em ficção por vezes funciona como alerta, dependendo de como ela é explorada. E sua principal crítica à mídia de um modo geral é a violência real sendo tratada pejorativamente, principalmente em tele-jornais.

Por conta disso, se pensarmos de um modo amplo a crítica pode ser levada à própria piada de avisos antes da novela que a mesma é desaconselhável a menores de 12 anos, não diminuindo um único ponto de Ibope já que poucas crianças assistem à novela das nove, enquanto programas regionais durante o almoço mostram jornalistas pregando mensagens nazi-fascistas disfarçadas de conservadorismo, mostrando entre um corpo crivado de balas e outro decapitado, comerciais de brinquedos e apresentadores “engraçadões”, sem uma única mensagem correndo no piso da tela dizendo que toda essa atrocidade midiática ao menos não representaria a opinião da emissora. Uma simples questão de liberdade versus responsabilidade.

O filme O Vídeo de Benny será exibido dia 18/10 às 19:30h

No SESC Cineclube Silenzio.

A entrada é gratuita.

9.10.08

11/10 - O Túmulo dos Vagalumes

Neste Sábado dia 11/10 às 19:30h
No SESC Cinclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA




O Túmulo dos Vagalumes
(Hotaru No Haka, 1988)

» Direção: Isao Takahata
» Roteiro: Akiyuki Nosaka (romance), Isao Takahata
» Gênero: Animação/Drama/Guerra
» Origem: Japão
» Duração: 93 minutos
» Tipo: Longa

» Sinopse: Uma trágica história sobre dois irmãos - Setsuko e Seita - que vivem no Japão durante a época da guerra que, após tornarem-se órfãos por causa do conflito (sua mãe morreu e seu pai está desaparecido), vão parar na casa de parentes. As coisas pioram quando acabam tendo que ir viver em um abrigo no meio do mato. Quando Setsuko, a irmãzinha caçula, adoece gravemente, seu irmão deve se virar para conseguir ajuda para a menina, mas os tempos são difíceis e mesmo um pouco de comida pode ser difícil encontrar.

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"Por que os vaga-lumes tem de morrer tão depressa?"

Vander Colombo

“Os filmes japoneses têm a beleza suspeita de alguns cadáveres.

Fica-se, às vezes, pasmo de tanta crueldade.

Procura-se a fonte na longa intimidade com o sofrimento...”

Chris Marker

Tinha prometido para mim mesmo que este ano escalaria uma animação para o cineclube, até para tirar aquela idéia de que animação é coisa de criança, dada a preponderância das obras da Disney em nosso mercado cascavelense de Home Vídeo.

A história vem mudando até porque as animações em 3D de estúdios como a Pixar tem mudado essa história e atingindo até mais adultos do que as crianças que os acompanham. Porém os mestres da 2D ainda são os japoneses. Devo confessar que não sou lá um entusiasta do anime em capítulos, por vezes lembram-me novelas. Mas é preciso admitir que não só a arte nipônica do desenho animado como a profundidade psicológica de suas personagens são incomparáveis. De um modo geral, os animes são frutos de mangás (histórias em quadrinhos japonesas) ou hentai (histórias em quadrinhos japonesas eróticas), e generalizando tratam de samurais/lutadores de artes marciais com superpoderes, colegiais excitadas ou bichinhos fofinhos que causam ataques epiléticos.

A história muda em grandes clássicos da animação japonesa como Akira, A Viagem de Chihiro e este O Túmulo dos Vagalumes. Este último, de 1988, dirigido por um dos mestres da animação Isao Takahata. O Túmulo dos Vagalumes conta a história de Seita e Setsuko, dois irmãos sozinhos em plena Segunda Guerra Mundial, o pai, lutando pela marinha está desaparecido, a mãe morreu num bombardeio, a partir daí Takahata traça um conto de fadas que rara vezes se viu, seja em animação ou live action, bater tanto às portas da realidade nua e crua, a história não poupa as duas crianças das mazelas do tempo de guerra.

Um nó na garganta que dure dias não é incomum ao final do filme, tanto que muitas pessoas declaram terem adorado o filme, mas evitam assisti-lo novamente, tamanha a crueldade exercida sobre o olhar infantil ao fitar a guerra, porém nada é em exagero, nada é inverossímil, nada é gratuito.

A tristeza e a crueldade segundo a poesia cinematográfica de Chris Marker, Sans Soleil, é explicada por Bashô ainda no Séc. XV: "O salgueiro enxerga invertida a imagem da garça", uma maneira de se libertar dos próprios horrores de Hiroshima e Nagasaki, e “Para exorcizar o horror que tem rosto e nome, é preciso conceder-lhe outros atributos (...) e exigir que até a dor se enfeite”. Por conta disso, a “beleza suspeita dos belos cadáveres” reside nas cores fortes, nos olhos grandes e distantes do olhar estreito oriental, mas transmite as mesmas verdades que outrora outros ideogramas já relatavam. O horror agora sem rosto ou nome declarado ainda tem garras, ainda presas, só lhe falta a etiqueta vertical. Só nos comprova que olhos redondos ou apertados apesar da cultura heterogênea, carpem-se da mesma maneira.

“Para nós, o sol só é sol se estiver brilhante;

Uma fonte só a é, se for límpida.

Aqui, adjetivar equivale a colocar nas coisas etiquetas com seus preços,

A poesia japonesa não qualifica.”

Idem.

O filme “O Túmulo dos Vagalumes” será exibido dia 11/10 às 19:30h

No SESC Cineclube Silenzio. A entrada é gratuita.

30.9.08

04/10 - Velvet Goldmine (Todd Haynes)

Neste Sábado dia 04/10 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA


seta3.gif (99 bytes) Ficha Técnica
Título Original: Velvet Goldmine
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 123 minutos
Ano de Lançamento (Inglaterra):
1998
Estúdio: Channel Four Films / Miramax Films / Killer Films Distribuição: Miramax Films / Filmes da Mostra
Direção: Todd Haynes
Roteiro: Todd Haynes, baseado em estória de Todd Haynes e James Lyons
Produção: Christine Vachon
Música: Carter Burwell e Radiohead
Direção de Fotografia: Maryse Alberti
Desenho de Produção: Christopher Hobbs
Direção de Arte: Andrew Munro
Figurino: Sandy Powell
Edição: James Lyons


seta3.gif (99 bytes) Elenco Jonathan Rhys-Meyers (Brian Slade)
Ewan McGregor (Curt Wild)
Christian Bale (Arthur Stuart)
Toni Collette (Mandy Slade)
Eddie Izzard (Jerry Devine)
Emily Woof (Shannon)
Michael Feast (Cecil)
Janet McTeer (Narradora - voz)
Luke Morgan Oliver (Oscar Wilde - 8 anos)
Osheen Jones (Jack Fairy - 7 anos)
Micko Westmoreland (Jack Fairy)
Don Fellows (Lou)
Ganiat Kasumu (Mary)
Ray Shel (Murray)
Alastair Cumming (Tommy Stone)



seta3.gif (99 bytes) Sinopse Em 1971, o glam rock invade o mundo da música britânica, provocando uma verdadeira revolução, não apenas na música mas também nos costumes da sociedade. O ícone do movimento é Brian Slade (Jonathan Rhys-Meyers), roqueiro que leva garotas e rapazes a pintarem as unhas, usarem batom e explorarem sua sexualidade. Incapaz de lidar com a fama adquirida, Brian forja sua própria morte, com a farsa sendo descoberta logo depois. Anos mais tarde, um jornalista inglês (Christian Bale) começa a investigar seu desaparecimento. ==================================================================

Consegue me ouvir Major Tom?

Vander Colombo

“When you growing up in a small town

Bad skin, bad eyes, gay and fatty

People look at you funny”

Lou Reed

“Tudo o que reluz é gay” dizem em certo ponto as manchetes nos jornais em Velvet Goldmine de Todd Haynes. É preciso dizer em primeiro lugar que o filme tenta traçar o percurso do abalo causado pelo chamado Glam Rock, leia-se: David Bowie (Ziggy Stardust and The Spiders From Mars), Iggy Pop (The Stooges), Lou Reed (Velvet Underground), Brian Ferry (Roxy Music) entre outros. Aliás Bowie seria a personagem principal do filme não fosse o fato de ele não ter gostado nada da história e nem mesmo ter liberado os direitos de uso de suas músicas para o filme, Reed, Pop e Ferry seguiram o caminho inverso.

Apesar dos nomes terem sidos quase todos trocados, é mais do que óbvio a caracterização de Jonhatan Rhys-Meyers como Bowie, e Ewan McGregor como uma mistura de Iggy Pop com Lou Reed pendendo visualmente mais para o primeiro.

O estudo de época do filme de Haynes beira a perfeição, seja na direção de arte seja na discussão social de uma época que transformou sexualidade em objeto de consumo desde então. “Hoje eles são gays assim como na década passada a moda era ter um disco do Led Zeppelin em baixo do braço” diz um músico numa fase mockumentário dentro do filme, completado pelo personagem de McGregor, “eles se dizem gays, mas não podem transar como gays, tentam, mas não conseguem”.

O fator da época nem mesmo era a homossexualidade em si, mas a libertação sexual em sua totalidade, uma espécie de upgrade do que já havia feito os hippies anos antes. A bissexualidade ou o termo mais tarde cunhado como pan-sexualidade seria mais indicado para a busca da época (uma coisa tipo, “Ei baby, vá dar uma volta no lado selvagem”), não que isso fosse novidade, porém se intensificou junto com a maior praga do rock n’ roll atemporal, o marketing.

Tirando isso, a busca é a mesma do rock desde quando nasceu: o sexo. Seja ele como for. E nesse ponto o Glam Rock é a fase mais erótica e fascinante desde a primeira rebolada de Elvis. E as drogas. É lógico, tinham as drogas para completar a tríade, agora já mais garantidas como matéria-prima de canções desde que Velvet Underground compôs letras sobre heroína enquanto os Beatles ainda faziam baladas românticas (o que mudou após Revolver como todos sabem) ajudando a nascer o movimento punk.

Dentro da trajetória da trama do filme, nos dias atuais, um jornalista britânico (Christhian Bale) é incumbido de descobrir o paradeiro de astro do Glam que desaparecera após forjar a própria morte, dentro da investigação jornalística a lá Cidadão Kane, os flash-backs nos jogam direto a uma jornada de movimentos de sexualidade desde Oscar Wilde até a era dos Mods Dândis, revelando não só a arte como a hipocrisia do jogo de compra-e-venda de modismos em forma de bonecos e souvenires de seus artistas preferidos.

Hipocrisia mais viva do que nunca, seja no representa a MTV, seja de Britney Spears a t.A.t.u. e é justamente esse o gosto amargo que o filme deixa transparecer ao seu final. O comercialismo continua firme, porém sem um pingo da genialidade que já teve. Numa transmissão radiofônica repleta de chios, veementemente ignorada no local, toca baixinho 2 H.B. do Roxy Music como que querendo um contato de evocação de seu monstros sagrados para que levantem voltando ao underground fazer aquele tipo de barulho que todos esperam que seja feito. Imagem não é nada...

Controle Terrestre para Major Tom

Controle Terrestre para Major Tom

Pegue suas pílulas de proteínas e coloque seu capacete

Controle Terrestre para Major Tom

Começando contagem regressiva e motores ligados

Checar ignição e que Deus esteja com você

Esse é o Controle Terrestre para Major Tom

Você realmente teve sucesso

E os jornais querem saber que tipo de camisetas que você usa

Agora é hora de sair da cápsula

Se você tiver coragem

Aqui é Major Tom para Controle Terrestre

Estou dando um passo pra fora da porta

E estou flutuando no jeito mais peculiar

E as estrelas parecem muito diferentes hoje

Daqui

Estou sentado num pedaço de lata

Bem acima do mundo

A Terra é azul

e não há nada que eu possa fazer

Porém eu ultrapassei cem mil milhas

Estou me sentindo bem calmo

E eu acho que minha nave espacial sabe onde ir

Diga pra minha mulher que eu a amo muito

Ela sabe

Controle Terrestre para Major Tom

Seu circuito pifou

Há algo errado

Consegue me ouvir Major Tom?

Consegue me ouvir Major Tom?

Consegue me ouvir Major Tom?

Consegue me...

Aqui estou eu flutuando em volta de pedaço de lata

Bem acima da lua

A Terra é azul...

e não há nada que eu possa fazer[1]

O filme Velvet Goldmine será exibido neste sábado dia 04/10 no SESC Cineclube Silenzio.

A entrada é gratuita.


[1] Space Oddity (David Bowie)

24.9.08

Neste sábado dia 27/09 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA




Título Original: Festen / Celebration

Gênero: Drama

Origem/Ano: DIN/1998

Duração: 105 min

Direção: Thomas Vinterberg

Elenco:

Ulrich Thomsen... Henning Moritzen... Thomas Bo Larsen... Paprika Steen... Birthe Neumann... Trine Dyrholm... Helle Dolleris... Therese Glahn... Klaus Bondam... Bjarne Henriksen... Gbatokai Dakinah... Lasse Lunderskov... Lars Brygmann... Lene Laub Oksen... Linda Laursen...

transp.gif (45 bytes)Christian Klingenfeldt transp.gif (45 bytes)Faderen transp.gif (45 bytes)Michael transp.gif (45 bytes)Helene transp.gif (45 bytes)Moderen / Mother transp.gif (45 bytes)Pia transp.gif (45 bytes)Mette transp.gif (45 bytes)Michelle transp.gif (45 bytes)Toastmasteren transp.gif (45 bytes)Kokken / Cook transp.gif (45 bytes)Gbatokai transp.gif (45 bytes)Onklen / Uncle transp.gif (45 bytes)Receptionisten transp.gif (45 bytes)Søsteren / Sister transp.gif (45 bytes)Birthe

Sinopse: Durante o aniversário de 60 anos do patriarca dos Klingenfelt é organizada uma grande festa para seus parentes num hotel de luxo. Um grande escândalo se anuncia em pleno banquete, quando seu filho mais velho resolve acusá-lo de abuso sexual na infância.

16.9.08

20/09 - O Homem Elefante (David Lynch)

Neste sábado dia 20/09 às 19:30
No SESC Cineclube Silenzio
Entrada Gratuita




Uma assustadora aberração de circo, John Merrick (John Hurt - Hellboy, Dogville, Harry Potter e a Pedra Filosofal) é rotineiramente humilhado por seu mestre Bytes (Freddie Jones - Firefox, Duna, Erik o Viking). Mas Frederick Treeves, um famoso cirurgião (Anthony Hopkins - Alexandre, A Máscara do Zorro, O Silêncio dos Inocentes), fica fascinado por aquele personagem grotesco e o leva para o hospital em que trabalha. Fora daquele ambiente hostil, o médico vai descobrir que, a despeito de sua aparência incomum, Merrick é um ser humano sensível, inteligente e gentil.

O diretor David Lynch (Duna, Veludo Azul, A Estrada Perdida) usa a história verdadeira da vida de John Merrick para explorar o profundo desespero de uma alma que inspira fascinação e ao mesmo tempo repulsa. Um filme poderoso, merecedor do status de obra de arte, vencedor de muitos prêmios, incluindo indicações para 8 Oscar®.

Gênero Drama
Atores Anthony Hopkins, John Hurt, Anne Bancroft, John Gielgud, Wendy Hiller, Freddie Jones, Michael Elphick, Hannah Gordon, Helen Ryan, John Standing,
Direção David Lynch,
Idioma Inglês,
Legendas Português
Ano de produção 1980
País de produção Estados Unidos, Inglaterra,
Duração 124 min.
Para ler o texto de Laysmara, acesse os comentários

8.9.08

13/09 - Izo (Takashi Miike)

Neste sábado dia 13/09 às 19:30
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA




IZO de Takashi Miike
“Amor é uma palavra; uma palavra não é necessariamente acompanhada com a natureza fundamental de seu significado”.

Bernardo Krivochein (Rio)

Coitada da violência, um sentimento absolutamente natural para os seres vivos, mas demonizada em absoluto pela filosofia deixa-disso da sociedade conformista mela-cueca. Arnaldo Jabor já havia escrito um ensaio brilhante sobre o verdadeiro significado do “Basta!” que estampava os lençóis dependurados nas janelas da classe média carioca, oprimida pela violência urbana, mas só até onde ela a atinge, veja só. Coitada da violência porque ela é o que é, existe exatamente para causar o rebú que causa, mas é rejeitada, excluída, tida como algo a ser eliminado.

Pois o samurai em “Izo” é exatamente isso: a personificação não só da violência, mas de tudo aquilo inaceitável e revoltante numa sociedade. Em cima desse personagem principal, o diretor mais prolífico da atualidade, Takashi Miike (tão produtivo que fica difícil até para os fãs se manterem atualizados com sua filmografia), se joga com a cara e a coragem, faz seu filme mais arriscado e pessoal, entrando em sua nova fase enquanto artista.

Eu sei que vivo falando do sujeito, uma introdução – com todo respeito – ao diretor é tão dispensável quanto é repetitiva, mas no caso particular de “Izo”, faz-se necessária (sem contar que eu quero e está acabado). Miike ganhou adoração (e náusea) mundial enfiando o pé na proverbial jaca cinematográfica, transformando-se no grande nome da Hyperviolence (se você exige tradução do termo... na boa, amigo: se mata). Entre jatos de sangue arterial, Miike se mostrava um exímio contador de histórias inusitadas através de ângulos idem, com a agilidade de um moleque de 5 anos com açúcar União até os cornos. Seja em “Fudoh”, no primeiro “Dead or Alive ou no elogio à miscigenação de “The City of Lost Souls” (... o filme tem um protagonista brasileiro e metade dos diálogos em português! Nunca ter sido lançado comercialmente aqui é um ultraje, sem contar que vale só pela hilária cena de briga de galo), Miike era um diretor rebelde, inconseqüente, bêbado e absolutamente fascinante. Mas, assim como acontece com qualquer um, Miike teve que crescer. Sua puberdade diretorial apareceria no completo descaso à continuidade narrativa do segundo episódio de “Dead or Alive” (por sinal, o melhor) e na realização de duas das suas obras mais importantes, “Ichi the Killer” (que um amigo chama de “O Poderoso Chefão vai à um clube S&M”) e “O Teste Final”, onde já ensaiava suas alfinetadas à sociedade japonesa, mas ainda de maneira descontraída.

Tendo que pôr comida na mesa, Miike também ensaiava seus passinhos num cinema mais comercial, como é o caso de “Zebraman” e “One missed call”, sendo até bem sucedido no campo, mas ao custo de uma assinatura mais forte. Deve ser aí que algum fusível queimou. “Gozu”, onde o diretor abandona voluntariamente o que lhe restava de aceitável comercialmente, seria uma tentativa um tanto forçada de se estabelecer enquanto autor, filme um tanto laborioso e indeciso para seu próprio azar que dividiu seus seguidores, mas foi ignorado por completo quando exibido em Cannes (uma frustração que o diretor fez questão de fazer pública no site do filme). Eu, por exemplo, não gostei – e não gosto ainda - de “Gozu”, mas não me sinto mal por isso (e por fazer pública também o quanto “Gozu” me decepcionou), pois a rejeição à “Gozu” gerou “Izo”, a mais nova obra-prima de Takashi Miike, um filme forte o bastante para figurar junto a todas as outras e que se destaca pela sua singularidade.

Desde o começo, “Izo” mostra a que veio: utilizando imagens de arquivo e originais, Miike coloca em paralelo o nascimento e morte do personagem principal (interpretado brilhantemente pelo artista plástico Kazuya Nakayama). Ao juntar as duas pontas da passagem do personagem pelo planeta, o diretor as iguala e segue adiante para igualar geração e destruição, prazer e dor, a beleza e o horror, tudo isso numa inesquecível seqüência de montagem de imagens reaproveitadas. No momento que o personagem já viveu e já morreu, resta apenas sua essência que, por convenção, é um conceito etéreo que não conhece limites. Se, como Einstein afirmou, o tempo não existe, resta a Izo mostrar a que veio através das épocas. E isso tudo acontece antes do título do filme.

Porque, se você quer saber, o filme não tem história. Superficialmente, Izo seria um samurai da época feudal (de que outra época poderia ser) com o poder de viajar no tempo, pois precisa assassinar os governantes que, por acaso, só existirão no futuro (“Highlander” japonês? Nem tanto). Assim, por onde passa, Izo deixa um rastro de picadinho humano. Mas o filme não pode e não quer ser entendido dessa maneira. Miike não deixa. “Izo” é a ilustração de uma tese de Miike, além de um mergulho de cabeça no subconsciente perturbado do diretor que obviamente estava lidando com sentimentos de angústia e deslocamento. Onde quer que passe, e qualquer seja a época em que esteja, Izo é constantemente perseguido por ser apenas aquilo que ele é. Izo não escolheu ser um “Magic Bullet” humano, ele nasceu assim. O conturbado estado de espírito do personagem é pontuado pelas performances de canções, digamos, folk-góticas na voz trovejante do cantor japonês Tomokawa Kazuki (maltrata esse violão, Kazuki!). Minhas suspeitas de que o filme traz consigo a tal frustração de ser desconsiderado num dos maiores festivais de cinema do mundo fica claro quando Izo surge dentro de um julgamento e acaba sendo condenado.

“Izo” não é para ser assistido como um filme convencional. “Izo” é, mais do que nenhum filme jamais foi, a reprodução fiel de um sonho intenso, até os mínimos detalhes estéticos, reproduzidos com uma sensibilidade assustadora. Vamos para o prático: uma vez eu sonhei que estava numa sala de embarque de um aeroporto que, mesmo que fosse o interior de uma das 57 escolas onde estudei, eu sabia que era um aeroporto. Enfim, ao tentar embarcar no avião (como é que cheguei lá fora?...), a aeromoça disse que eu não poderia embarcar, já que eu não tinha um biquíni amarelo (estou dispensando a psicanálise desse detalhe), o que dentro do sonho fez o mais completo sentido. Desci da escada de embarque, fui para o hangar, onde havia a passagem para um shopping qualquer (na realidade, era o Barra Shopping, ou se parecia com tal). Só sei que quando cheguei, o sonho mudou de prioridade, da qual não me lembro no momento e acabou esqueci como.

Essa é o fator de entretenimento a ser encontrado em “Izo”: deitar o filme no divã e analisá-lo, suas simbologias, seus significados. A lógica, no filme de Miike, foi afugentada pela janela; é a conexão de idéias e de possíveis sentidos (embora pouca coisa seja ambígua de fato) que segura nossa atenção e, nesse quesito, o filme é altamente participativo com a platéia. E mesmo quem não está muito afim de sair para brincar, pode se divertir com o delicioso fio subconsciente da narrativa, onde o personagem sai de um frame de 1865 e cai no presente (ou futuro, se você interpretar dessa forma), só para de lá, encontrar uma passagem para o além e parar na Guerra de Onin. Um momento clássico de sonho se encontra quando Izo mergulha num lago, afunda e acaba saindo pela superfície de outro lago, no lado oposto do mundo, caindo diretamente num casamento, filmado de cabeça para baixo. Tanto esse despojamento quanto a quantidade de sangue cenográfico derramado nos remetem a Alejandro Jodorowsky e seu faroeste cult “El Topo”.

A higienização da arte com o intuito de se ganhar mais lucro, uma vez que mais branda a censura, maior o público a ser atingido, já sacrificou muita gente bamba e, sendo o diretor que é, Miike é uma das vítimas mais óbvias. É na arte que a violência humana pode ser melhor “desabafada” – se alguém é influenciado por aquilo que vê, a culpa não seria da imbecilidade de quem viu? (ao contrário do que a cultura litigiosa quer nos convencer?) – e agora querem destruir o parquinho onde ela podia dar suas corridinhas. Somando seu protesto a sua descontração com a unidade narrativa, Miike resolve exorcizar muitos de seus dissabores, botando o samurai para executar yuppies, criancinhas fofas, esses pobres coitados dos espectadores incautos, políticos (MUITOS políticos – os vilões, aliás, só se preocupam com Izo pela má influência que ele causaria em seus “financiadores”), além de uma infinda declaração de truísmos por quase todos os personagens, o que é imediatamente associável com os últimos filmes de Godard (o que já é outra discussão). A crítica a auto-indulgência, ao cinismo das gerações atuais e especialmente ao “politicamente correto” encontra-se altamente explícita na cena da escola, onde Miike põe crianças de 8 anos dizendo coisas como: “Amor é uma palavra; uma palavra não é necessariamente acompanhada com a natureza fundamental de seu significado”, e meu preferido “Nação é um delírio maléfico só existente nas mentes humanas; uma noção imaginária de falsidade que existe apenas para controlar e governar pessoas que instintivamente se aglomeram em bandos.” Nada sutil, mas nossa época hipócrita não consegue mais arcar com lá muita sutileza. Se o cerne da obra mantém-se aberto à interpretação, o mesmo não se pode dizer às posições pessoais do diretor.

O filme tem sua faceta política facilmente reconhecível, uma vez que cada vez que a violência contra Izo acaba gerando ainda mais violência vinda de Izo (e não é necessário nenhum gênio para traduzir isso para os nossos tempos e situação mundial), um ciclo infinito de guerra (Miike inclusive põe o personagem correndo pelas curvas de um símbolo gigante de infinito, como se ilustrando no quadro-negro para aquele aluno que não entende de maneira nenhuma o problema), mas sinto que o incômodo do filme é principalmente existencialista. O que o filme tem de Nietzche e o lado negativo do existencialismo não é brincadeira. Talvez Miike seja um psicopata em potencial, mas auto-diagnosticado, encontrou no cinema onde trabalhar essa sua faceta socialmente inaceitável, mas artisticamente louvável. Talvez ele tema pelo futuro de todos quando a violência cênica for eliminada. Tudo o que Izo quer é reconhecimento divino, assim como todos que reconhecem Izo sabem que a solução é simplesmente não ficar no caminho dele.

É claro que o filme é para poucos, que é necessário um bocado de sais minerais para a sessão de mais de duas horas de um filme, no mínimo, experimental. Mas só um pouquinho de disposição e boa vontade (além de uma porção de cautela) servem de chave para a descoberta de um filme, sinceramente, foda até dar coice. É uma das obras mais reflexivas, inconformadas e puramente bizarras já produzidas no cinema, vão demorar décadas até que “Izo” seja descoberto e analisado como merece. Takashi Miike entra na idade adulta. Longa vida a Takashi Miike.

(coisa esquisita, acabei de perceber que esqueci como o filme termina)

"“Izo” Japão, 2004. 128 mins. Direção: Takashi Miike. Estrelando: Kazuya Nakayama, Takeshi Kitano, Renji Ishibashi, Kenichi Endo, Ken Ogata.

3.9.08

06 e 07/09 - FUGU 2

FUGU 2
Esperamos todos lá. Terá Halley Hoop, Marquinho Trumpete & Trio, Valter Mazzo, vários artistas plásticos, Leandra Vagliatti, Maho, a estréia do curta Lili Marlene e muitas outras atrações.

21.8.08

23/08 - Para Sempre Lilya (Lukas Moodysson)

Neste Sábado Dia 16/08 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA




Lilyia é uma garota de 16 anos. Seu único amigo é o garoto Volodja. Eles moram numa vila pobre na Estônia, fantasiando sobre uma vida melhor. Certo dia, Lilya se apaixona por Andrej. Ele está indo para a Suécia e convida Lilya para ir com ele e iniciar uma vida nova.
Título Original Lilja 4-ever
Atores Oksana Akinshina, Artiom Bogucharski, Elina Benenson, Liliya Shinkaryova, Pavel Ponomaryov, Tomas Neumann, Lyubov Agapova, Tõnu Kark, Anastasia Bedredinova, Nikolai Bentsler,
Direção Lukas Moodysson,
Idioma Russo, Sueco, Inglês
Legendas Português, Inglês, Espanhol,
Ano de produção 2002
País de produção Suécia,
Duração 109 min.

Longe das raízes

Vander Colombo

" E talvez esteja aí toda a diferença; talvez toda a sabedoria, toda verdade e toda sinceridade estejam apenas contidas naquele inapreciável momento em que ultrapassamos o limiar do invisível."

Joseph Conrad

Suécia e Dinamarca são países vizinhos e difíceis de diferenciar vistos de fora.

Lição de geografia dada para tentar explicar um pouco do trabalho do diretor Lukas Moodysson. Lukas é sueco, conterrâneo de um dos maiores cineastas de todos os tempos, Ingmar Bergman que dizia que não poupava de sua fúria diretores que mexessem demais a câmera, sendo um deles ninguém mais ninguém menos que Hitchcock.

O conterrâneo Moodysson parece não ter ligado muito para os conselhos do mestre, visto que faz todos os seus filmes com a câmera no ombro, e é essa degeneração que é explicada pela geografia, pois além das línguas parecidas e da troca cultural, na época que Moodysson estava começando, no país vizinho já se davam os primeiros passos de uma manifesto que mais tarde ficou conhecido como Dogma 95, no qual a principal regra era justamente esse trabalho manual de operação de câmera. É lógico que Moodysson não seguiu todos os preceitos do Dogma 95, pois usa e abusa da trilha sonora e vez ou outra pede uma fotografia mais elaborada. Mas enfim, a intenção dos dinamarqueses está toda lá.

No mesmo ano do primeiro filme do manifesto, Moodysson lança seu primeiro grande sucesso, Amigas de Colégio, introduzindo com ele, seus temas caros e recorrentes: adolescência, sexualidade e a batalha do etéreo versus o mundano. Porém o sucesso de público e crítica veio em 2002 com o filme Para Sempre Lilya. Com esse Lukas conseguiu atingir o caráter humano que nenhum filme sobre drogas, prostituição infantil e afins, havia conseguido. Além de levar a fama de um Cristhiane F aos moldes de Lars Von Trier. Lilya ganha de Christiane não só no quesito cinematografia, mas em abordagem psicológica, embora, não faltem exageros também comuns ao diretor de Dogville.

Outro traço similar entre Von Trier e Moodysson são suas personagens femininas enfrentando com as armas que podem o mundo falocêntrico que as cerca, auxiliadas por uma espécie de distorção da realidade em prol de suas sensibilidades aguçadas, que aos poucos se convertem numa coragem crua no dado momento de reação inadiável.

A sinopse é como outras tantas, mas tente não se enganar com ela. Num país da ex-União Soviética dilacerado economicamente pelo pós-Gorbachev, Lilya uma menina de 16 anos sonha em mudar de vida radicalmente. Os pais se mudam e não dão mais notícias, deixando-a com uma tia pra lá de bizarra e obrigando-a a recorrer a métodos escusos para conseguir sobreviver.

No caso de Para Sempre Lilya o etéreo também está presente, contudo muito mais como ironia do que como representação espiritualista, Mais como antônimo de toda e qualquer desgraça do que como sinônimo de redenção.

E é com esse conto da carochinha moderno que o diretor consegue dar a sua visão crítica do mundo adulto em sua melhor forma. Usando metáforas simples e acessíveis ele consegue atingir a um público consideravelmente maior que seus outros trabalhos, deixando inclusive um moral da história bem desenhado: no começo da fita Lilya rasga a foto de sua mãe; arrependida ela a cola novamente apenas para mais tarde queima-la por completo. Ou seja, a importância magnânima dos pequenos atos que após tomados se tornam irreversíveis, pois queiram seus anjos da guarda ou não, o máximo que lhes podem ser é parte dessa consciência inaudível...

Certo e errado são caminhos vizinhos e difíceis de diferenciar vistos de fora.

O filme Para Sempre Lilya será exibido neste sábado dia 23/08 às 19:30h no SESC Cineclube Silenzio. A entrada é gratuita