24.2.08

01/03 - Amadeus - Versão do Diretor (Milos Forman)

Neste Sábado dia 01/03 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA


Título Original:
Amadeus

Gênero: Drama

Tempo de Duração: 158 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1984
Estúdio: Orion Pictures Corporation
Distribuição: Orion Pictures Corporation
Direção: Milos Forman
Roteiro: Peter Shaffer, baseado em peça de Peter Shaffer
Produção: Saul Zaentz
Música: John Strauss
Direção de Fotografia: Miroslav Ondrícek
Desenho de Produção: Patrizia von Brandenstein
Direção de Arte: Karel Cerny
Figurino: Theodor Pistek
Edição: Michael Chandler e Nena Danevic

seta3.gif (99 bytes) Elenco

F. Murray Abraham (Antonio Salieri)
Tom Hulce (Wolfgang Amadeus Mozart)
Elizabeth Berridge (Constanze Mozart)
Simon Callow (Emanuel Schikaneder)
Roy Dotrice (Leopold Mozart)
Christine Ebersole (Katerina Cavalieri)
Jeffrey Jones (Imperador Joseph II)
Charles Kay (Conde de Orsini-Rosenberg)
Kenny Baker (Comendador)
Lisabeth Bartlett (Papagena)
Barbara Bryne (Frau Weber)
Martin Cavina (Jovem Salieri)
Roderick Cook (Conde Von Struck)
Milan Demjanenko (Karl Mozart)
Peter DiGesu (Francesco Salieri)



seta3.gif (99 bytes) Sinopse
Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus.



- Ganhou 8 Oscars, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (F. Murray Abraham), Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado. Recebeu ainda outras 3 indicações, nas seguintes categorias: Melhor Ator (Tom Hulce), Melhor Fotografia e Melhor Edição.

- Ganhou 4 Globos de Ouro, nas seguintes categorias: Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator - Drama (F. Murray Abrahams) e Melhor Roteiro. Recebeu ainda outras duas indicações, nas seguintes categorias: Melhor Ator - Drama (Tom Hulce) e Melhor Ator Coadjuvante (Jeffrey Jones).

- Ganhou 4 BAFTAs, nas seguintes categorias: Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Maquiagem e Melhor Som. Foi ainda indicado em outras 5 categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (F. Murray Abraham), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino e Melhor Direção de Produção.

- Ganhou o César de Melhor Filme Estrangeiro.

- Ganhou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Contribuição Artística no Festival Internacional de Flanders.



seta3.gif (99 bytes) Curiosidades
- O ator Mel Gibson chegou a fazer testes para interpretar Mozart em Amadeus.


- O nome Amadeus, que é o nome do meio de Mozart, significa "Amado de Deus". A escolha desta palavra como sendo o título do filme se deve à uma correlação feita com a convicção de Salieri de que Mozart era abençoado por Deus ao compôr suas músicas.


- Vários acontecimentos da vida real de Mozart foram incluídos no roteiro de Amadeus, como seu encontro quando criança com Maria Antonieta.


- Todo o filme foi rodado sob luz natural.



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Daylight, Câmera, Ação.

Amadeus (1984) de Milos Forman

É preciso começar já fazendo um adendo. Quando o amigo Anderson Costa me convidou a escrever esse artigo, citou-me o fato do filme Amadeus de Milos Forman sobre a vida de Wolfgang Amadeus Mozart ter sido filmado com luz natural. Como fazia muito tempo que havia visto o filme a afirmação me pareceu inverossímil já que o filme é extremamente luminoso. Neguei na hora, mas o fato ficou me incomodando, o que me fez minutos depois sentar em frente ao DVD e revê-lo. Pasmem! Com um olhar mais clínico é possível ver que tal como Barry Lyndon de Stanley Kubrick, Amadeus também foi feito com luz natural, o que o torna ainda mais peculiar entre os filmes americanos, até porque conseguiu com extrema eficiência corrigir alguns problemas de iluminação de seu precursor filmado quase dez anos antes.

O filme foi fruto de gerações de obras, primeiro foi uma peça chamada Mozart & Salieri de Aleksandr Puchkin, esta peça tornou-se uma ópera adaptada por Rimsky-Korsakov que por sua vez tornou-se novamente uma peça já com o nome Amadeus (que é o nome do meio de Mozart e significa Amado por Deus, o que Salieri justifica dizendo que Mozart foi o escolhido divino para a música em detrimento dele próprio) escrita por Peter Shaffer que também foi roteirista do filme. Vê-se então que muita pesquisa foi feita antes do filme chegar às telas, mas não é por isso que ele se calca na realidade, pelo contrário, como a história de Mozart assim com a de Antonio Salieri, é formada quase que por páginas em branco devido ao não-registro de época, permitiu-se ao roteiro preencher as lacunas das misteriosas biografias dos dois compositores com maestria, isso acabou gerando alguns protestos da comunidade artística principalmente no que se refere a Antonio Salieri.

Em noite de Oscar não se pode deixar de lembrar que o filme faturou oito estatuetas na época (filme, direção, ator (F. Murray Abraham), direção de arte, figurino, maquiagem, som e roteiro adaptado). Hoje já se sabe que o prêmio da Academia não reflete necessariamente a qualidade artística de uma obra, mas qualquer festival que se preze teria concedido a Amadeus todos esses e outros prêmios. É difícil explicar o efeito causado pelo filme, mas pode-se verificar que nenhum filme de época foi tão moderno e nenhum filme sobre música feito depois deste, escaparia da comparação e da preferência pelo primeiro.

E há uma trindade que certifica à Amadeus, a qualidade de ser sagrado, a primeira das forças com toda a certeza é o uso da música de Mozart. Raramente se viu a trilha sonora tornar-se indiscutivelmente um personagem que permeia a história de tal forma que é impossível imaginar-se um sem o outro (quem já viu sabe que nunca, depois do filme, poder-se-á ouvir ao Réquiem (K. 626) sem lembrar-se da partitura sendo ditada).

A segunda delas é a interpretação da dupla central. Tom Hulce deu vida a Mozart, tanto que quando se pensa no compositor, lembra-se de sua atuação, infelizmente (pra ele) o personagem ficou tão atrelado que Hulce nunca mais voltou a fazer um papel à altura, o mesmo aconteceu com Frank Murray Abraham que fez uma atuação quase espírita como Salieri, creio que nunca se viu um ator com tamanha segurança em diversas fases da vida de um personagem (em especial na velhice de Salieri quando este narra a história do filme). Resultado: Hulce apesar da excelente atuação acabou ofuscado pelo Salieri de Abraham que levou um caminhão de prêmios pra casa e construiu um dos vilões mais tridimensionais da história do cinema, porém teve todos os papéis futuros sempre ligados ao do compositor italiano. O que vemos então para deleite dos espectadores é um duelo incessante de interpretações com “Salieri” levando uma pequena vantagem em relação a “Mozart”, conseguindo assim na disputa de interpretação, uma originalidade sem par para a rivalidade de seus personagens.

E a terceira força é o próprio Milos Forman, que refugiado nos EUA volta à sua terra natal para filmar Amadeus conseguindo um resultado que só tem comparativo em sua carreira com “Um Estranho no Ninho”. Possivelmente um Amadeus sem a batuta milimétrica e sensível de Milos Forman, acabaria se tornando uma coleção de clichês maniqueístas que culminariam em “mais um daqueles filmes de época” sem graça, sem alma, sem sentido de existir como muitos filmes das mesmas bandas. E assim como Mozart e Salieri em Viena, havia Forman e Kubrick nos EUA, disputando uma saudável rivalidade, seja Kubrick trazendo Jack Nicholson para O Iluminado após ver Um Estranho no Ninho, seja Milos Forman fazendo um espetáculo em luz natural ou daylight após ver Barry Lyndon.

Amadeus Versão do Diretor será exibido no SESC Cineclube Silenzio no sábado dia primeiro de março (01/03) com sessão iniciando às 19:30h.

Vander Colombo

22.2.08

23/02 - Dançando no Escuro (Lars Von Trier)

Neste Sábado 23/02 às 19:30h
No Sesc Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA



Dançando no Escuro se passa em 1964 e conta a história de Selma, interpretada por Björk, imigrante do Leste Europeu que vai para os Estados Unidos acompanhada de seu filho. Portadora de uma doença hereditária que a deixará cega em pouco tempo, Selma trabalha dia e noite com um só objetivo: poder pagar uma cirurgia para o filho, que sofre do mesmo mal. A paixão por filmes musicais torna-se a única válvula de escape da pobre moça em sua vida tão difícil
A produção intercala o eixo narrativo principal com números musicais, que são devaneios da personagem central. Mesmo em momentos de extrema tensão, Selma se aliena do que está a sua volta e brilha em grandiosos espetáculos imaginários, muito bem realizados pela atriz principal e pelo diretor. As coreografias estão bem feitas e as músicas são primorosas, contando com o toque especial da harmoniosa e pungente voz de Björk.
A cantora está simplesmente perfeita no papel. Encarna a personagem mantendo-se verossímil do começo ao fim, encantando e comovendo o público. Revela-se uma artista completa: além de ter uma voz singular, provou ser uma brilhante atriz, o que lhe rendeu o Globo de Ouro e um prêmio em Cannes. Sem dúvida, merecidos.
A direção de Lars von Trier se priva de tecnologia. O longa-metragem foi filmado em câmera digital, pelas mãos do próprio diretor. Ainda assim, tem uma bela fotografia, especialmente nas cenas dos espetáculos. Por ser longo e com pouca ação, Dançando no Escuro exige certa paciência do público. É denominado um filme de arte, ou seja, a maioria das pessoas o acha enfadonho.
A crítica aos Estados Unidos é clara na película. Selma, que foi para o país em busca de uma solução para seu problema, é explorada e acaba tendo um fim trágico. Poucos não irão se revoltar e se comover com a história, que é triste em um nível não visto em produções hollywoodianas. Trier é impiedoso com a personagem central, assim como a América é com os que se aventuram lá.
Uma história imperdível da realidade dura e cruel contrapondo-se à felicidade romântica das fantasias. Bonita obra, que há de ser apreciada pelos adoradores do bom cinema




(Dancer in the Dark, 2000)


» Direção: Lars von Trier


» Roteiro: Lars von Trier


» Gênero: Drama/Musical



Björk Selma Jezkova-

Catherine Deneuve Kathy -

Joel Grey Oldrich Novy -

Vladica Kostic Gene Jezkova -

Udo Kier Dr. Porkorny - Peter Stormare Jeff -
Cara Seymour Linda Houston -
Jean-Marc Barr Norman -
David Morse Bill Houston -


» Origem: Dinamarca/Estados Unidos/Inglaterra

» Duração: 140 minutos

» Tipo: Longa

» Trailer:

17.2.08

Ciclo # 5 Cinema Latino-Americano

Nesta semana 18 a 22/02 (segunda à sexta-feira)
No Sesc Cineclube Silenzio
ENTRADA GRÁTIS
18/02
Nove Rainhas

Título Original: Nueve Reinas
Gênero: Drama
Origem/Ano: ARG/2000
Duração: 115 min
Direção: Fabian Bielinsky
Elenco:
Ricardo Darín...
Gastón Pauls...
Leticia Brédice...
Ignasi Abadal...
Alejandro Awada...
Elsa Berenguer...
Leo Dyzen...
Ricardo D.Mourelle...
Carlos Falcone...
Tomás Fonzi...
Marcos Juan

Sinopse: A história de Nove Rainhas, passada na Buenos Aires dos dias atuais, começa numa madrugada e termina na manhã do dia seguinte. Nestas 24 horas ou pouco mais, Marcos (Ricardo Darín) y Juan (Gaston Pauls), seus protagonistas, passarão pela maior aventura de suas vidas, algo que Marcos insiste em chamar de "uma oportunidade em um milhão".Estes dois golpistas de segunda, que habitualmente "trabalhavam" por alguns poucos pesos, se conhecem por acaso numa certa madrugada e, de repente, tornam-se sócios numa negociação multimilionária envolvendo uma série falsificada de selos raríssimos, conhecidos como as "Nove Rainhas". O negócio deve ser realizado imediatamente, custe o que custar, uma vez que o milionário espanhol interessado nos selos deixará a cidade na manhã seguinte. Marcos conta com a ajuda de sua irmã, Valeria (Leticia Bredice), que trabalha no hotel onde o espanhol está hospedado, mas questões familiares pendentes azedam a relação dos irmãos.Enquanto o veterano Marcos vai ensinando ao jovem e inexperiente Juan os segredos do ofício, eles encontram a cada passo de sua jornada inusitada outros ladrões e farsantes, numa selva onde ninguém está livre de sua pequena ou grande parcela de corrupção. Cada revelação parece esconder uma mentira; cada promessa encobre outro golpe.

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19/02
Whisky

Título Original: Whisky
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 94 minutos
Ano de Lançamento (Uruguai): 2004
Estúdio: Control Z Films / Rizoma Films Distribuição: Global Film Initiative
Direção: Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll
Roteiro: Gonzalo Delgado, Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll
Produção: Fernando Epstein
Música: Pequena Orquestra Reincidentes
Fotografia: Bárbara Álvarez
Direção de Arte: Gonzalo Delgado
Edição: Fernando Epstein
Elenco: Jorge Bolani (Herman Koller)Mirella Pascual (Marta Acuña)Andrés Pazos (Jacobo Koller)Daniel HendlerAna Katz

Em Montevidéu vive Jacobo (Andres Pazos), um homem de 60 anos que vive sozinho desde a morte de sua mãe. Desde então sua única alegria na vida é a pequena fábrica de meias que possui. Marta (Mirella Pascual) é uma mulher de 48 anos que é o braço direito de Jacobo na fábrica, onde trabalha como supervisora. Marta e Jacobo possuem uma espécie de dependência mútua, apesar dos assuntos entre eles sempre ficarem em torno de trabalho. Até que um dia Herman (Jorge Bolani), o irmão de Jacobo, avisa que irá a Montevidéu para participar da matzeiva, uma celebração judaica para a colocação da pedra do túmulo em até um ano após a morte de uma pessoa. Herman não vai a Montevidéu há mais de 20 anos, tendo faltado até mesmo ao funeral de sua mãe, sendo que também tem uma pequena fábrica de meias, localizada no Brasil. A visita de Herman desperta em Jacobo a velha competição existente entre os irmãos, que faz com que ele faça a Marta uma proposta inusitada: que ela seja sua esposa durante a visita de Herman. Marta aceita a proposta. Ela passa então a morar no apartamento de Jacobo, onde ambos passam a se dedicar em enganar Herman durante sua estadia.

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20/02
Plata Quemada

Título Original: Plata Quemada
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 125 minutos
Ano de Lançamento (Argentina): 2000
Site Oficial: http://www.plataquemada.com/
Estúdio: Oscar Kramer S.A. / Cuatro Cabezas S.A. / Estudios Darwin / Romikin S.A. / Patricio Tobal / Editorial Capayán / Fundación Octubre / Ibermedia Program / Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales / Mandarin Films S.A. / Punto B.S.R.L. Planificatión y Medios / Taxi Films / Tornasol Films S.A. / Vía DigitalDistribuição: Gativideo / Filmes do Estação
Direção: Marcelo Piñeyro
Roteiro: Marcelo Figueiras e Marcelo Piñeyro, baseado em livro de Ricardo Piglia
Produção: Óscar Kramer
Música: Osvaldo Montes
Fotografia: Alfredo F. Mayo
Desenho de Produção: Belén Bernuy, Margarita Gómez e Noemí Nemirovsky
Edição: Juan Carlos Macías
Elenco: Eduardo Noriega (Angel)Leonardo Sbaraglia (Nene)Pablo Echarri (Cuervo)Leticia Brédice (Giselle)Ricardo Bartis (Fontana)Dolores Fonzi (Vivi)Carlos Roffé (Nando)Daniel Valenzuela (Tabare)Héctor Alterio (Losardo)Claudio Rissi (Realtor)Luis Ziembrowsky (Florian Reyes)Harry Havillo (Carlos Tulian)Roberto Vallejos (Parisi)Adriana Varela (Cantor do cabaret)

Angel (Eduardo Noriega) e Nene (Leonardo Sbaraglia) são dois matadores inseparáveis conhecidos no meio como "os gêmeos". Até que Fontana (Ricardo Bartis) lhes propõe um novo golpe: assaltar o caminhão que transporta os pagamentos da cidade de San Fernando, que transporta 7 milhões. Tanto Angel quanto Nene aceitam a proposta, para fugir do tédio e superar a crise que existe entre eles naquele momento. Porém, o que parecia ser um trabalho fácil acaba se tornando um verdadeiro massacre. Fontana, Angel e Nene decidem fugir para o Uruguai, para evitar que sejam mortos pelos policiais argentinos, que estão sedentos por vingança. Lá eles se escondem em um apartamento emprestado por Losardo (Héctor Alterio), um mafioso local, onde esperam a chegada de novos documentos fraudados que permitam que eles viajem para o Brasil. Mas quanto mais os documentos demoram a chegar mais a tensão entre os três cresce, chegando a níveis insuportáveis.

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21/02
Viridiana

Título Original: Viridiana
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Silvia Pinal, Francisco Rabal e Fernando Rey.
Ano de Produção: 1961
Duração: 91 minutos
Cor: Preto e Branco
País de Produção: México

Palma de Ouro no Festival de Cannes, Viridiana é um dos filmes mais polêmicos dos anos 60, tendo sido proibido em diversos países. Às vésperas de ser ordenada freira, Viridiana passa uns dias na mansão do seu pervertido tio, que, obcecado com sua beleza, tenta seduzi-la de todas as maneiras. Com a morte repentina do tio, desiste da vida religiosa, indo morar no casarão do falecido. Movida pelo espírito de caridade cristã, ela abriga e alimenta todos os mendigos da região. Porém, os necessitados não se comportam do jeito que ela esperava... Uma das obras-primas do mestre Luis Buñuel (A Bela da Tarde), Viridiana traz uma das cenas mais famosas da história do cinema: a Santa Ceia dos mendigos, uma sátira genial à pintura de Leonardo Da Vinci.

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22/02
Como Água Para Chocolate

Título Original: Como Agua para Chocolate
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 105 minutos
Ano de Lançamento (México): 1992
Estúdio: Cinevista / Arau Films International / Fonatur / Instituto Mexicano de Cinematografia / Fondo de Fomento a la Calidad Cinematográfica / Aviacsa Distribuição: Miramax Films
Direção: Alfonso Arau
Roteiro: Laura Esquivel, baseado em livro de sua autoria
Produção: Alfonso Arau
Música: Leo Brouwer
Fotografia: Steven Bernstein e Emmanuel Lubezki
Desenho de Produção: Marco Antonio Arteaga, Emilio Mendoza e Denise Pizzini
Direção de Arte: Ricardo M. Kaplan
Figurino: Carlos Brown
Edição: Carlos Bolado e Francisco Chiu
Elenco: Marco Leonardi (Pedro Muzquiz)Lumi Cavazos (Tita)Regina Torné (Mãe Elena)Mario Iván Martínez (Dr. John Brown)Ada Carrasco (Nacha)Yareli Arizmendi (Rosaura)Claudette Maillé (Gertrudis)Pilar Aranda (Chencha)Farnesio de Bernal (Cura)Joaquín Garrido (Sargento Treviño)Rodolfo Arias (Juan Alejándrez)Margarita Isabel (Paquita Lobo)Brígida Alexander (Tia Mary) Sandra Arau (Esperanza Muzquiz)Andrés Garcia Jr. (Alex Brown)Rafael Garcia Zuazua Jr. (Alex Brown - garoto)

Tita (Lumi Cavazos) nasceu na cozinha do rancho de sua família, quando sua mãe (Regina Torné) estava cortando cebolas. Logo em seguida seu pai morre de um ataque cardíaco fulminante, por ter sua paternidade questionada. Com isso Tita é vítima de uma tradição local, que diz que a filha mais nova não pode se casar para que cuide da mãe até sua morte. Ao crescer Tita se apaixona por Pedro Muzquiz (Marco Leonardi), que deseja se casar com ela. Sua mãe veta o matrimônio, devido à tradição, e sugere que ele se case com Rosaura (Yareli Arizmendi), a irmã dois anos mais velha de Tita. Pedro aceita, pois apenas assim poderá estar perto de Tita.


5.2.08

Ciclo # 4 - François Truffaut

Do Dia 11/02 a 15/02
No SESC Cineclube Silenzio
Sessões às 20h
ENTRADA GRATUITA





11/02 Os Incompreendidos (Les 400 Coups, 1959, 93min)

Os Incompreendidos não é só o primeiro longa de Truffaut, filmado em 1959: é um dos títulos seminais da nouvelle vague e um dos melhores filmes de todos os tempos.
O ator-mirim Jean-Pierre Léaud participou de cinco filmes de Truffaut
Trata-se de uma obra-prima. Parafraseando um comentário de François Truffaut sobre Os Pássaros, de Alfred Hithcock, o cinema foi inventado para que semelhante filme fosse feito.
Fotografado em preto-e-branco, Os Incompreendidos acompanha o percurso de um garoto de 12 ou 13 anos pela Paris do final dos anos 50.
A criança está sempre se metendo em encrencas, e vem daí o título original, Les 400 Coups – uma expressão idiomática francesa que pode ser traduzida por “pintar o sete”.
Antoine Doinel mata aula e mente que a mãe morreu, ergue um altar em honra de Honoré de Balzac e quase mete fogo na casa, rouba e se arrepende, é preso e foge.
O roteiro, do próprio Truffaut, em parceria com Marcel Moussy, recusa o clima piegas que costuma lambuzar filmes sobre infância.
É quase um documentário, profundamente alegre em certas partes e triste, suave, melancólico no seu todo.
Passados quase 40 anos, o final deve se manter surpreendente. É um dos filmes mais simples e mais belos em cento e poucos anos de cinema.

Truffaut insistiu no personagem

O homem que amava as crianças não gostava de admitir o quão autobiográfico era o seu primeiro longa-metragem.
François Truffaut (1932-1984) não gostava de admitir, mas teve uma infância bem parecida com a do protagonista de Os Incompreendidos. Amargou problemas com os pais, aplicou pequenos golpes e acabou confinado num reformatório juvenil.
O homem que amava o cinema chegou a fazer do personagem Antoine Doinel e de seu intérprete, o ator Jean-Pierre Léaud, uma espécie de alter ego. Doinel, sempre interpretado por Léaud, voltou em outros quatro filmes ao longo de 20 anos, num caso único de insistência no triângulo diretor-personagem-ator: Antoine e Colette (1963), Beijos Proibidos (1968), Domicílio Conjugal (1970) e O Amor em Fuga (1979).
O homem que amava as mulheres repetiria em uma dezena de outros filmes sua devoção aos temas da infância e da solidão. Numa entrevista, chegaria a declarar que não conseguiria fazer outro filme “tão eficaz” como Os Incompreendidos:
– Fico muito surpreso quando me dizem que se trata da solidão de uma criança. É exatamente isso o que eu queria.(Eduardo Veras, Agência RBS)


12/02 A Noite Americana (Nuit américaine, La, 1973, 115min)

Um dos filmes que melhor representa as loucuras que se passam em um set de filmagem. Um ator que fica deprimido porque sua noiva sai com um dublê, uma atriz que se entregou às bebidas e não consegue lembrar de suas falas e muitas outras confusões, que o diretor deve fazer de tudo para contornar, até gravarem uma das cenas mais importantes do filme: a que o dia deve ser transformado em noite artificialmente.
O filme mostra Ferrand, um cineasta, durante a produção de um filme chamado Je vous presente Pamela, seus imprevistos, atores com ego inflado, problemas de bastidores, e as soluções improvisadas para concluir o projeto a tempo, como por exemplo, furtar um vaso do hotel onde o elenco estava hospedado para compor o cenário da casa da personagem "Pamela".
Durante as filmagens de Je vous presente Pamela, Alphonse e Julie, os atores principais, têm um caso, mas ela não leva o caso adiante. Com ciúme, ele conta ao marido dela, que invade o set de gravação, enquanto o ator ameaça abandonar o projeto — e esse é só um dos problemas que Ferrand tem de enfrentar.


13/02

Jules e Jim (Jules et Jim, 1962, 105min)


"Jules e Jim" é um dos mais apreciados filmes da nouvelle vague francesa dos anos 60, uma reflexão meio amarga (mas que começa leve e bem humorada) sobre as vicissitudes e dificuldades das relações amorosas, os desencontros e as dúvidas, tudo isso sublinhado pela citação de "As Afinidades Eletivas", de Goethe.


O alemão Jules (Oskar Werner) e o francês Jim (Henri Serre) são dois grandes amigos em perpétua comunhão, dividem tudo, até as namoradas, e cuja amizade nem a 1ª Guerra Mundial, em que lutam em lados opostos, consegue destruir.


Mas Jules se casa com a estranha Catherine (Jeanne Moreau), por quem Jim também se apaixona, o que complica o já confuso e infeliz casamento do amigo.


O diretor François Truffaut (1932-84), bem no espírito da época, compôs tudo de maneira espontânea e despojada, com uma montagem fragmentada e vários toques criativos na narrativa, como legendas que aparecem de repente no meio da imagem ressaltando diálogos.


O filme é um cult absoluto, unanimemente elogiado e ponto alto da carreira de musa de Moreau, na época namorada do diretor. Foi homenageado por Paul Mazurski como Willie e Phil ("Willie and Phil", 1980) e mencionado ou referenciado em dezenas de outros filmes.




14/02
Atirem no Pianista (Tirez Sur Le Pianiste, 1960, 85min)


Dois bandidos, em pleno ato criminoso, conversam descontraidamente sobre temas fúteis – e até engraçados – que nada têm a ver com o crime que está sendo cometido. Alguém pensou em Pulp Ficition – Tempo de Violência? Engano. A sarcástica cena está no filme Atirem no Pianista, que François Truffaut fez em 1960, ou seja, 34 anos antes de Tarantino.


Neste seu segundo longa, Truffaut já deixa clara sua paixão pelo cinema noir americano. Em ritmo de novela policial, ele mostra a história de Charlie (o ator, cantor e compositor Charles Aznavour), pianista que toca num barzinho decadente, mas que tem talento suficiente para ser um grande concertista. Por que? Os flash backs explicarão. Aliás, mais importante que conhecer a trajetória e os segredos de Charlie é curtir o estilo leve e despojado dos primeiros anos de Truffaut. Através de diálogos e movimentos de câmera repletos de agilidade, o então jovem diretor (28 anos) parece se divertir muito com o que faz. Não se prende a normas rígidas, mistura sem cerimônia a tragédia e a comédia, inova, e já profetiza os ares de liberdade estética que tomariam conta do cinema experimental dos anos 60 e 70.


A partir do livro do norte-americano David Goodis, Truffaut conta, numa só tacada, uma história de amor (o pianista Charlie se apaixona pela garçonete Lena, vivida por Marie Dubois, para o desespero e ciúmes do dono do bar), um conto policial (o irmão de Charlie inadvertidamente o envolve com o mundo do crime), e ainda tem um tempinho para o riso (a cena onde o criminoso diz que sua mãe pode “cair mortinha” é impagável). Tudo com charme e descontração que provam, mais uma vez, que Truffaut foi o menos hermético e o mais digerível dos cineastas da época da Nouvelle Vague francesa.

A trilha sonora é de Georges Delerue, que mais tarde comporia importantes trilhas do cinema, como O Inconformista, Julia, Platoon e dezenas de outras.




15/02
Beijos Proibidos (Baisers Volés, 1968, 90min)


Ao estrear no cinema com o longa Os Incompreendidos (59), François Truffaut acertou as contas com o passado e a gravidade de sua infância. Em Beijos Proibidos (68), o diretor reencontra seu protagonista e alter ego, Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud), mais crescido e iluminado por uma aura de leveza, aprimorando em sua carreira as vertentes da comédia e da ironia romântica que foram algumas de suas marcas registradas, aqui com a colaboração de roteiristas como Claude de Givray e Bernard Revon.
Para fazer um estudo sobre o personagem de Doinel, não poderia haver melhor oportunidade, aliás, do que esta semana, quando se encontram em cartaz tanto Os Incompreendidos quanto Beijos Proibidos - este último acompanhado do curta Antoine e Colette (62), episódio desligado de Amor aos 20 Anos, um longa que uniu originalmente os trabalhos dos diretores Marcel Ophuls, Renzo Rossellini, Andrzej Wajda e Kon Ishihara. Assim, estão nas telas do cineclube os três primeiros momentos de Doinel, que ainda teria duas outras encarnações patrocinadas por Truffaut nos anos seguintes.
Em Antoine e Colette, o rapaz, já fora da casa dos pais, trabalha na fábrica de discos Philips e mora num quartinho. À noite, sai com o amigo René (Patrick Auffray, o mesmo de Os Incompreendidos), com quem troca confidências sobre seus sonhos amorosos. Estes ganham substância na tentadora Colette (Marie-France Pisier), mocinha que freqüenta o circuito dos concertos noturnos estudantis. A afinidade musical dá esperanças a Antoine, que termina por mudar-se para o hotel em frente ao apartamento de Colette. Mas suas expectativas são frustradas pelas diferentes intenções da moça. No final das contas, os pais dela gostam mais de Antoine do que ela.
A mesma ironia se repete em Beijos Proibidos, que parte de onde acabou Antoine e Colette. A frustração amorosa levou Antoine a alistar-se no Exército, onde foi o soldado mais relapso de que seus superiores tiveram notícia, acabando na prisão. Desligado a bem do serviço, ele volta à vida civil e à casa de uma moça de seu passado, agora rebatizada como Christine (Claude Jade). Esta também é esquiva ao interesse de Antoine e está fora, em viagem com amigos. Antoine inicia, então, uma peregrinação pelos mais variados empregos - porteiro noturno de hotel, detetive, técnico de televisão - que o colocam no centro de aventuras amorosas, como com uma estonteante mulher casada, Fabienne Tabard (Delphine Seyrig).
Como sempre, Truffaut misturava sua vida pessoal às histórias que contava. Mais do que isso, unia amor e trabalho quase sem fronteiras. Ao filmar Antoine e Colette, aprofundou uma crise matrimonial já iniciada por seu caso com Jeanne Moreau em Jules e Jim, ao envolver-se com a protagonista do curta, Maria-France Pisier, que na época tinha 17 anos e meio. Apesar disso, o casamento com Madeleine Morgenstern ainda sobreviveu alguns anos.
Feito seis anos depois, Beijos Proibidos constituiu um grande sucesso comercial do diretor, o que foi até uma surpresa. Afinal, naquela Paris de 1968 o ar que se respirava era todo político, ainda no rescaldo da histórica rebelião estudantil que semeou barricadas e esperanças de revolução em todas as esquinas da cidade. Entretanto, talvez porque a revolução tivesse fracassado, o público encantou-se pelas aventuras de Antoine, que não são todas tão doces nem pueris como se supõe à primeira vista, apesar de embaladas pela canção-tema do popularíssimo Charles Trénet, Que Reste-t-il de nos Amours?
Pode-se enxergar no jovem Antoine um proletário que tenta mas nunca consegue a ascensão social que deseja. Além disso, a presença de personagens no limite emocional, como a mulher casada (Delphine Seyrig) que propõe a Antoine uma aventura única, e o homem desconhecido (Serge Rousseau) que se declara a Colette em busca do amor definitivo, pontuam esta paisagem de educação sentimental de espinhos existenciais um tanto complexos e adultos. Truffaut, ele mesmo dizia, era um romântico que desconfiava do romantismo.