15.10.08

18/10 - O Vídeo de Benny (Michael Haneke)

Neste Sábado dia 18/10 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA


Adolescente de família rica, Benny compensa a ausência dos pais com as emoções do mundo dos vídeos. Aos poucos, sem que as pessoas percebam, seus valores e noções de realidade começam a mudar. Aproveitando que seus pais estão no campo, ele leva uma garota para passar o final de semana no apartamento. O que começa como um tímido 'love story' termina em catástrofe. A vida da família nunca mais será a mesma.
diretor Michael Haneke roteiro Michael Haneke fotografia Christian Berger música J. S. Bach elenco Arno Frisch, Angela Winkler, Ulrich Mühe, Ingrid Strassner produtora Vega, Filmproduktion GmbH. Longa-metragem - 105 min. minutos Col.
O que segue é desaconselhável para menores de 10 anos.

Vander Colombo

"A violência está em todo lugar,

não é por causa do álcool, nem é por causa das drogas.

A violência é nossa vizinha,

não é só por culpa sua, nem é só por culpa minha,

violência gera violência"

(Titãs - Música: Violência –

Álbum: Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas, 1990)

A vítima é uma garota de 15 anos. Morta com vários disparos de pistola de ar comprimido, a mesma arma usada no abate de animais. O autor dos disparos, um garoto da mesma idade, filho de um de um grande empresário da cidade. O garoto filmou a morte da menina, diz-se que incentivado pela exposição demasiada a filmes violentos.

O que parece uma daquelas notícias que se vê todos os dias nos jornais é a premissa básica do filme O Vídeo de Benny do austríaco Michael Haneke. Aliás, Haneke não fez apenas um estudo sobre a violência, mas quase que uma filmografia toda recorrendo ao embasamento de nomes como Locke, Hobbes, Foucault entre outros. Na verdade cada um de seus filmes fala de algum tipo de violência, seja ela física ou psicológica. A trilogia da incomunicabilidade (que além desse, conta com O Sétimo Continente e 71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso que falam respectivamente de um pai de família que num momento de dificuldade lentamente organiza seu suicídio e a morte da família, e de uma amalgama de cenas de vida aparentemente desconectadas que são afetadas pelas notícias de jornais televisivos.) juntamente com títulos como Violência Gratuita (que recentemente foi refilmado pelo próprio diretor nos EUA), A Professora de Piano e O Tempo do Lobo conseguem fazer uma grande tese sobre a violência moderna recorrendo tão pouco a cenas de violência gráfica que deve enrubescer diretores que se dedicam a mesma função fazendo espetáculos gore.

Porém, nenhuma das abordagens de Haneke são simples ou diretas como a premissa do primeiro parágrafo indica. O diretor está mais preocupado em fazer cada espectador fazer sua própria teoria do que tentado explicar a gênese da violência como conhecemos. Seria fácil dizermos que Benny cometeu assassinato por gostar de filmes violentos como comumente a televisão de nossas Américas gosta tanto de fazer, entretanto, algo que Haneke bate forte sem julgar é a indiferença dos pais que se orgulham da liberdade dada aos filhos, ao se unir os dois motivos mais nítidos nasce o vídeo preferido de Benny que mostra a morte de um porco, filmado por ele mesmo numa das fazendas do pai, neste caso pode-se ter um entendimento da auto-crítica de Haneke perante os cineastas e a liberdade ditatorial de impor seu ângulo de visão aos seus espectadores.

Haneke sabe como poucos que a violência inerente exposta em ficção por vezes funciona como alerta, dependendo de como ela é explorada. E sua principal crítica à mídia de um modo geral é a violência real sendo tratada pejorativamente, principalmente em tele-jornais.

Por conta disso, se pensarmos de um modo amplo a crítica pode ser levada à própria piada de avisos antes da novela que a mesma é desaconselhável a menores de 12 anos, não diminuindo um único ponto de Ibope já que poucas crianças assistem à novela das nove, enquanto programas regionais durante o almoço mostram jornalistas pregando mensagens nazi-fascistas disfarçadas de conservadorismo, mostrando entre um corpo crivado de balas e outro decapitado, comerciais de brinquedos e apresentadores “engraçadões”, sem uma única mensagem correndo no piso da tela dizendo que toda essa atrocidade midiática ao menos não representaria a opinião da emissora. Uma simples questão de liberdade versus responsabilidade.

O filme O Vídeo de Benny será exibido dia 18/10 às 19:30h

No SESC Cineclube Silenzio.

A entrada é gratuita.

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