9.10.08

11/10 - O Túmulo dos Vagalumes

Neste Sábado dia 11/10 às 19:30h
No SESC Cinclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA




O Túmulo dos Vagalumes
(Hotaru No Haka, 1988)

» Direção: Isao Takahata
» Roteiro: Akiyuki Nosaka (romance), Isao Takahata
» Gênero: Animação/Drama/Guerra
» Origem: Japão
» Duração: 93 minutos
» Tipo: Longa

» Sinopse: Uma trágica história sobre dois irmãos - Setsuko e Seita - que vivem no Japão durante a época da guerra que, após tornarem-se órfãos por causa do conflito (sua mãe morreu e seu pai está desaparecido), vão parar na casa de parentes. As coisas pioram quando acabam tendo que ir viver em um abrigo no meio do mato. Quando Setsuko, a irmãzinha caçula, adoece gravemente, seu irmão deve se virar para conseguir ajuda para a menina, mas os tempos são difíceis e mesmo um pouco de comida pode ser difícil encontrar.

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"Por que os vaga-lumes tem de morrer tão depressa?"

Vander Colombo

“Os filmes japoneses têm a beleza suspeita de alguns cadáveres.

Fica-se, às vezes, pasmo de tanta crueldade.

Procura-se a fonte na longa intimidade com o sofrimento...”

Chris Marker

Tinha prometido para mim mesmo que este ano escalaria uma animação para o cineclube, até para tirar aquela idéia de que animação é coisa de criança, dada a preponderância das obras da Disney em nosso mercado cascavelense de Home Vídeo.

A história vem mudando até porque as animações em 3D de estúdios como a Pixar tem mudado essa história e atingindo até mais adultos do que as crianças que os acompanham. Porém os mestres da 2D ainda são os japoneses. Devo confessar que não sou lá um entusiasta do anime em capítulos, por vezes lembram-me novelas. Mas é preciso admitir que não só a arte nipônica do desenho animado como a profundidade psicológica de suas personagens são incomparáveis. De um modo geral, os animes são frutos de mangás (histórias em quadrinhos japonesas) ou hentai (histórias em quadrinhos japonesas eróticas), e generalizando tratam de samurais/lutadores de artes marciais com superpoderes, colegiais excitadas ou bichinhos fofinhos que causam ataques epiléticos.

A história muda em grandes clássicos da animação japonesa como Akira, A Viagem de Chihiro e este O Túmulo dos Vagalumes. Este último, de 1988, dirigido por um dos mestres da animação Isao Takahata. O Túmulo dos Vagalumes conta a história de Seita e Setsuko, dois irmãos sozinhos em plena Segunda Guerra Mundial, o pai, lutando pela marinha está desaparecido, a mãe morreu num bombardeio, a partir daí Takahata traça um conto de fadas que rara vezes se viu, seja em animação ou live action, bater tanto às portas da realidade nua e crua, a história não poupa as duas crianças das mazelas do tempo de guerra.

Um nó na garganta que dure dias não é incomum ao final do filme, tanto que muitas pessoas declaram terem adorado o filme, mas evitam assisti-lo novamente, tamanha a crueldade exercida sobre o olhar infantil ao fitar a guerra, porém nada é em exagero, nada é inverossímil, nada é gratuito.

A tristeza e a crueldade segundo a poesia cinematográfica de Chris Marker, Sans Soleil, é explicada por Bashô ainda no Séc. XV: "O salgueiro enxerga invertida a imagem da garça", uma maneira de se libertar dos próprios horrores de Hiroshima e Nagasaki, e “Para exorcizar o horror que tem rosto e nome, é preciso conceder-lhe outros atributos (...) e exigir que até a dor se enfeite”. Por conta disso, a “beleza suspeita dos belos cadáveres” reside nas cores fortes, nos olhos grandes e distantes do olhar estreito oriental, mas transmite as mesmas verdades que outrora outros ideogramas já relatavam. O horror agora sem rosto ou nome declarado ainda tem garras, ainda presas, só lhe falta a etiqueta vertical. Só nos comprova que olhos redondos ou apertados apesar da cultura heterogênea, carpem-se da mesma maneira.

“Para nós, o sol só é sol se estiver brilhante;

Uma fonte só a é, se for límpida.

Aqui, adjetivar equivale a colocar nas coisas etiquetas com seus preços,

A poesia japonesa não qualifica.”

Idem.

O filme “O Túmulo dos Vagalumes” será exibido dia 11/10 às 19:30h

No SESC Cineclube Silenzio. A entrada é gratuita.

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