27.5.07

Daunbailó (Jim Jarmusch)

Jim Jarmusch deu as caras no cenário independente do cinema americano em 1983, com Estranhos no Paraíso, que se tornou altamente cultuado e lhe abriu as portas para seu próximo longa, a idiossincrática comédia Daunbailó. Apesar destes dois filmes se divergirem bastante em tom, ambos apresentam uma marca clássica de Jarmusch, que são personagens marginalizados.
A estória é sobre dois sujeitos que, ao caírem numa armação da polícia, vão dividir uma cela juntos na prisão. Jack é um cafetão de baixa categoria que se envolve erroenamente num esquema de corrupção de menores, enquanto Zack é um ex-radialista que, expulso de casa pela namorada, aceita um serviço de transporte de um carro, sem saber que tinha uma pessoa no porta-malas; dois seres que vivem nos limites da sociedade, longe dos ideais do sonho americano. Muito além do nome, os dois se parecem tanto no jeito de ser que imediatamente se odeiam, como se olhassem num espelho e vissem tudo que há de condenável na sociedade, e que os botou na cadeia, à princípio. O clima pesado se alastra durante dias a semanas na prisão, que é marcante no começo da projeção (que, aliás, retrata Nova Orleans da mesma maneira que os protagonistas, uma cidade fria, suja e escura, longe dos shows de jazz e clima de desfile de costume), até a chegada do terceiro companheiro de cela, o franzino italiano Roberto.
Roberto Benigni, em começo de carreira, já retrata desde lá o mesmo tipo de personagem que o consagraria anos mais tarde, e transforma Roberto num divisor de águas no filme. O tagarela e por vezes irritante italiano logo se transforma num ser que tanto Jack quanto Zack podem odiar mutuamente, mas sua simpatia aos poucos o aproxima dos dois. Sendo o único lá a realmente pagar por um crime (um homicídio que, à melhor maneira de Chaves, foi 'sem querer querendo'), Roberto adiciona um humor tão inconsequente e inocente que muda todos os rumos da projeção. Para começar, o cenário muda, já que ele arranja um jeito de fugir da prisão (uma fuga que nunca é mostrada, o que acaba tendo um resultado muito mais positivo que caso fosse inventado uma maneira mirabolante de escapar), e agora os três amigos - na definição de Roberto - estão à solta no meio de um enorme pântano, sempre a correr. Essa segunda parte do filme apresenta-se de uma maneira bem mais leve e descontraída, a fotografia fica mais clara, as cenas têm menor duração e o ritmo é mais acelerado.
Mas enganam-se eles achando que estão livres. Simplesmente mudaram de prisão (inclusive, a cabana em que eles passam a primeira noite é quase idêntica à antiga cela). Perdidos no meio do nada, sem saber para onde ir, a aliança dos três parece estar sempre à beira do colapso, e por diversas vezes chega a acabar, mas eles sempre voltam, centrados na figura de Roberto. Este, aliás, torna-se o personagem mais interessante do longa. Perdido numa cultura estranha, ele é um personagem em desespero, e o mais marginalizado de todos. Falando apenas o inglês mais básico, a língua é um constante problema, que o faz andar com um caderno de notas com piadinhas para tentar se socializar; durante uma discussão sobre gritos na prisão, ele lança um verso: "i scream, you scream, we all scream, for ice cream" ("eu grito, você grita, todos gritamos por sorvete") que, de tão ingênuo, acaba conquistando os dois companheiros, e vira uma espécie de hino-desabafo na cadeia. Pode-se notar também sua aparente tristeza e decepção quando é deixado para trás por Jack e Zack, e fica preso entre um rio (que não pode atravessar por não saber nadar) e os latidos de cães se aproximando (sua maior fobia), o que prova a escolha acertada de Benigni, que vai bem além de servir como um alívio cômico caricato. Ainda assim, ele prova ser o mais capaz dos três, já que sempre procura fazer todos ficarem unidos, e é ele quem acha a saída da cadeia, caça e assa comida à noite (numa cena hilária, totalmente improvisada pelo ator), e consegue um abrigo com uma italiana, que logo vira sua esposa (na verdade, esposa do Benigni na vida real, o que fica óbvio devido à afinidade dos dois na cena de dança). Jack e Zack não são propriamente atores - John Lurie, que interpreta Jack, já havia trabalhado em Estranhos no Paraíso - e sim compositores (eles que compõem a bela trilha sonora do filme), mas isto não atrapalha o trabalho deles, que retratam bem as divergências dos dois até o final do filme.
A fotografia de Robbie Müller (que fotografou Paris, Texas) também é um show à parte. Sempre trabalhando com um chiaroscuro de bastante contraste, dá o tom certo ao filme apenas mexendo nas variações de brilho (ao fim da projeção, está tudo tão claro que parece ter vazado luz no filme). Sempre trabalhando com um humor calmo, constituído de longas tomadas (herança de Jacques Tati, talvez?), é certamente o filme mais engraçado do diretor. Aliás, a brincadeira com o título original, 'Down by Law', que em português virou 'Daunbailó', entra bem no clima do filme, e parece ter sido criada de encomenda pelo próprio diretor. Estranhos no Paraíso pode até ser considerado um filme mais importante, de vanguarda, marco zero e tal, mas foi com Daunbailó que Jarmusch se firmou de vez no novo cinema independente americano.

Por Roberto Ribeiro




Direção: Jim Jarmusch»
Origem:
Alemanha/Estados Unidos»
Duração:
107 minutos


Trailer:




» Sinopse: O filme é sobre dois sujeitos que, ao caírem numa armação da polícia, vão dividir uma cela juntos na prisão. Jack é um cafetão de baixa categoria que se envolve erroenamente num esquema de corrupção de menores, enquanto Zack é um ex-radialista que, expulso de casa pela namorada, aceita um serviço de transportar um carro, sem saber que tinha uma pessoa no porta-malas.

Elenco ::. Roberto Benigni, Nicoletta Braschi, Tom Waits, John Lurie, Ellen Barkin, Billie Neal


Quando: Dia 02/06
Hora: 19:30hrs
ENTRADA GRÁTIS
No SESC - CASCAVEL (Endereço no Topo da Página)

20.5.07

Não Matarás (Krzysztof Kieslowski)

Dia 26 de Maio de 2007 - 19:30hrs No SESC Cascavel - Entrada Grátis.
O mecanismo do acaso e coincidência, genialmente trabalhado por Faulkner na literatura, teve em Kieslowski o seu representante cinematográfico mais ilustre. Na primeira meia hora de Não Matarás, assistimos a três histórias paralelas de três personagens nas ruas de Varsóvia: um jovem advogado que faz um exame numa espécie de correspondente à OAB polonesa, um taxista vitriólico com cães e gatos, e um rapaz que perambula alheatoriamente pela cidade; ao cabo de escassos minutos já intuímos que estes destinos irão cruzar-se de uma maneira ou de outra. Versão expandida de um dos episódios da sua monumental série Decálogo, que analisava cada um dos mandamentos da Bíblia, este filme do realizador polones é um triunfante thriller existencialista, abarcando as tensões de um Hitchcock e a metafísica de Dostoiveski à lá Crime e Castigo; o crime cometido, esse mesmo, é filmado exemplarmente, com níveis de dilatação do tempo e crueldade que Alfred não desdenharia fazer, caso o deixassem. Kieslowski apresenta a capital através de uma fotografia "dura", sem bonitinhos, o mood certo para a tragédia subterrânea da estória, que após a sua peça central (o crime) dá lugar a um imediato castigo, numa gigantesca elipse de enorme economia narrativa. A última meia hora, ritual de portas de prisão batendo e preparativos para o enforcamento, é um mostruário da eficiência de Estado, gestos tecnocratas pouco preocupados com questões sentimentais. A música do famoso Zbigniew Presiner, ora melancólica ora tensa, transmite mais nuances emocionais a este conto; os diálogos finais entre o jovem advogado e o autor do crime valem pelo seu intimismo doloroso e confessional.



Resumo: Jack é um jovem desempregado obcecado pela violência. Certo dia, sem motivo aparente, ele sai pelas ruas de Varsóvia e resolve matar um motorista de táxi, proporcionando uma das cenas mais cruas, reais e violentas. Um advogado criminalista tenta livrar Jack da pena de morte, e pelo caminho ele esbarra com um Estado totalitário e uma sociedade ainda mais cruel que seu próprio cliente.





Título: NÃO MATARÁS (Krotki film o zabijaniu)
Direção:
Krzysztof Kieslowski
Elenco:
Miroslaw Baka, Jack K. Globisz
Origem:
Polônia Data:
1988
Duração:

85 minutos




Fonte: Mil e um Filmes e Conselho Federal de Psicologia / Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Psicologia - USP

13.5.07

Noites de Cabíria (Federico Fellini)

Uma das obras-primas do cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993), é o filme do próximo sábado dia 19 de maio no SESC Cineclube Silenzio, incorporando uma sequência vetada pela Igreja na época de seu lançamento, em 1957. Noites de Cabíria levou o Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor atriz em Cannes para Giuletta Masina, mulher do diretor e protagonista de Julieta dos Espíritos e A Estrada da Vida, também de Fellini.

Cabíria é enganada por todos os homens que encontra.
Giulietta é Cabíria, uma prostituta ingênua que acredita no amor perfeito e na sinceridade humana. Na primeira sequência, ela é atirada em um rio pelo namorado Giorgio (Franco Fabrizi), que sai correndo com a bolsa e o dinheiro. Ao ser resgatada, ela não consegue aceitar a crueldade e a sordidez contínua de sua condição, prosseguindo em um caminho de ascese através do sofrimento.

Depois do desencanto com o cafetão que a explora, Cabíria se envolve com Alberto Lazzari (Amedeo Nazzari), com outros homens, sempre confiando na humanidade de seu próximo amante afim de finalmente encontrar aquele homem que a traga felicidade.

A passagem vetada pela Igreja é bem mais inocente do que a profissão da protagonista supõe. É o encontro de Cabíria com um benemérito que sai pela cidade distribuindo alimentos aos mendigos em um saco. Para a Igreja, este tipo de caridade individual pressupõe a indiferença da instituição laica frente à miséria, uma passagem mais indecente que o ganha-pão da prostituta mais comovente do cinema.


Cássia Borsero em ZAZ Cinema



Texto de Federico Fellini:


Adaptar o Personagem ao Ator


Se penso nos filmes que rodei com Giulietta, posso dizer que a construção de minha personagem é baseada inteiramente nas suas possibilidades de atriz. Em geral, quando penso em uma história, já sei com bastante exatidão quais serão os intérpretes de meus personagens principais. Por exemplo, Os Boas Vidas foi escrito sob medida para Sordi, para Trieste, para Interlenghi, para meu irmão... O único personagem que, no momento em que escrevia meu roteiro, eu não sabia por quem seria interpretado foi confiado a Franco Fabrizzi. Fiz numerosos ensaios e finalmente me decidi por Franco. Assim, quando escrevo uma história, já sei qual ator chamarei para cada papel. Mas às vezes, quando o roteiro está terminado e estou pronto para filmar, descubro que o ator em que tinha pensado não está livre, como ocorreu para A Trapaça. Escrevendo o roteiro, eu tinha pensado em Humphrey Bogart, mas na última hora – contar o porquê levaria muito tempo – o ator não estava mais disponível; tive de me decidir então por Broderick Crawford, que não conhecia senão por intermédio de fotografias, pois não tinha visto Les Fous du Roi, filme do qual arrumei uma projeção quando Crawford chegou na Itália. Houve então, de minha parte, uma adaptação do personagem a Crawford, a suas possibilidades de ator e a sua silhueta volumosa, totalmente diferente daquela de Bogart que, vocês se lembram, era muito mais parecida com a de um lobo faminto, com um rosto fundo, e que talvez fosse exprimir com mais eficácia o desespero de uma vida esgotada. Em suma, a melancolia profunda de Bogart teria sido provavelmente mais eficaz que aquela de Crawford. Para Crawford, precisei fazer algumas transposições, o que sempre faço com bastante prazer, pois creio que o imprevisto, o imprevisível, é às vezes um elemento positivo pra o sucesso de uma obra. Quando não posso encontrar o ator que quero ou quando não sou bem sucedido na busca de um rosto tal como minha imaginação o havia concebido, ponho-me com uma grande desenvoltura rumo a outra solução.


Em suma, eu gostaria de dizer isso: que jamais cometo (e talvez esteja aí o único sistema que se pode identificar no meu método de trabalho) o erro – pois isso me parece um erro – de adaptar o ator ao personagem, mas faço sempre o contrário, o que significa que me esforço para adaptar o personagem ao ator. Nunca peço ao ator um esforço de interpretação particular, ou seja, nunca me obstino a fazê-lo dizer meus diálogos num dado tom. O caso de Giulietta interpretando Gelsomina é o único exemplo em que obriguei uma atriz que tem um temperamento exuberante, agressivo, até pirotécnico, a fazer o papel estilizado de uma criatura retraída de timidez, com um clarão de razão e de gestos sempre no limite da caricatura e do grotesco. Isso me demandou um esforço muito grande e nesse caso particular, Giulietta, contrariamente ao que ela fez por Cabiria, precisou de um esforço de interpretação muito grande, porque Gelsomina é uma “interpretação” enquanto “Cabiria” estava muito mais na sua afinação, com sua agressividade, seu temperamento quase um pouco alucinado, sua prolixidade.


Quando dirijo meus atores, em geral mimetizo completamente a ação e tento dar eu mesmo aos diálogos a entonação que me parece a boa. Mas às vezes, para não arriscar de influenciá-lo, para não obrigar o ator a me imitar, gosto de ver o que ele faria por si próprio. A esse propósito posso dizer uma coisa: é que minha inspiração, no que concerne á interpretação dos atores, vem principalmente entre a filmagem de um e outro plano, durante os momentos em que o ator vai se sentar numa cadeira, em que ele pede seu lanche, em que ele flerta com uma figurante, em que ele vai telefonar ou em que ele tira uma soneca.


É sempre difícil remontar justo à fonte da inspiração, mas eu poderia contar a esse propósito como nasceu o fim de Noites de Cabíria. Ele não nasceu apenas como fim, mas também como a idéia geradora de todo o filme. Quando um certo jornal de esquerda me acusou de ter uma atitude evasiva perante a realidade, de nunca sugerir nas minhas histórias uma solução, um ponto de vista preciso, esforcei-me em agir com humildade sem levar em conta a irritação que senti ao ler coisas que realmente não esperava, e disse a mim mesmo: efetivamente, Zavattini e de Sica sugerem a inscrição a um partido, assim como sugerem alguma coisa a seus personagens, dão-lhes uma direção, e isso porque eles têm uma certa fé que eu não tenho, ao menos não num sentido preciso. É por isso que, ao fim de seus filmes, suas histórias e seus personagens satisfazem mais que os meus. Então eu me disse: talvez esses senhores tenham razão. A meus personagens, não termino por dizer ao fim do filme: “Vocês compreenderam direitinho, é preciso comprar tal jornal, ou também é preciso se casar, ou também ir à igreja...”. Não termino por lhes dizer nada.


No fundo, essa é uma atitude muito inumana da parte de um autor perante seus personagens. Portanto, investindo toda minha boa vontade (como se eu tivesse enfim resolvido dizer a meu personagem: “Você compreendeu bem, você fará isso ou aquilo”), me perguntei: “O que vou lhe dizer?”. E depois de pensar sobre isso durante muito tempo, percebi que não saberei o que lhe sugerir, porque não sei o que dizer a mim mesmo. Assim sendo, aos meus personagens, que são sempre tão infelizes, a única coisa que poderei oferecer será minha solidariedade: e assim poderei, por exemplo, dizer a um deles: “Escuta, não posso te explicar o que não sei, mas, em todo caso, te amo o suficiente e te ofereço uma serenata”. E assim, para Noites de Cabiria, pensei: quero fazer um filme que conte as aventuras de uma infeliz que, a despeito de tudo, espera confusamente, ingenuamente, por melhores relações entre os homens, simplesmente melhores relações; e ao fim do filme quero lhe dizer: “Escuta, fiz você passar por todo tipo de desgraça, mas você me é tão simpática que quero compor-lhe uma pequena serenata”. E depois, sobre essa idéia talvez um pouco ingênua, imaginei uma cena. Tratava-se de uma mulher, de uma personagem infeliz que, ao fim de uma aventura ainda mais terrível que as outras, deveria perder de maneira absoluta e definitiva sua confiança na humanidade que a rodeava. E então me perguntei: por que essa personagem, num dado momento, não pode se convencer de que há alguém que lhe diz gentilmente e com simpatia: “Você tem razão”? E assim essa personagem se tornou Cabiria, e suas aventuras se tornaram aquelas de uma prostituta que vive como um pequeno camundongo num meio aterrorizante, continuamente esmagada pela realidade, mas que atravessa a vida com inocência e aquela misteriosa confiança. Ao fim do filme eu a faço encontrar um grupo exuberante de pessoas bem jovens, de uma humanidade ao limiar da vida, que gentilmente, debochando um pouco mas com candura, exprime-lhe sua gratidão cantando uma canção. Foi dessa idéia que, finalmente, nasceu todo o filme.

No que concerne minha colaboração com Giulietta, posso dizer que Giulietta não é somente a intérprete de meus filmes, mas que ela é também a sua inspiradora; não entendo por isso que a ajuda que ela me traz seja semelhante àquela de Pinelli, de Flaiani, de Rondi, quero dizer inspiradora num sentido bem mais profundo, à maneira de uma musa. Isso equivale a dizer que a vida com Giulietta – o que penso disso, a idéia que faço dela, do que pode ser sua humanidade, do que pode ser seu sentido na minha vida – me inspirou A Estrada da Vida e Noites de Cabiria.



Federico Fellini

(Publicado em Cahiers du Cinéma nº 84, Junho/1958; traduzido do francês por Luiz Carlos Oliveira Jr.)


Noites de Cabíria (Le Notti di Cabiria)

1957 - Itália

Direção: Federico Fellini

Com: Giulietta Masina, François Perier, Amedeo Nazzari
Escrito por: Federico Fellini, Ennio Flaiano, Tullio Pinelli & Pier Paolo Pasolini


Preto e Branco, 117minutos.



No SESC (Endereço no topo da página)

Dia 19/05 às 19:30hrs

Entrada Grátis
Ao fim do filme, como sempre, seguirá debate sobre o mesmo



PS.: Para ver o que foi discutido nos filmes anteriores, visite a seção de Comentários aqui nesse blog no post do respectivo filme

11.5.07

Esclarecimentos

Só queria deixar claro aqui mesmo neste blog após receber um telefonema do Secretário de Cultura de Cascavel que:


1- Nossos desentendimentos no ano passado não foram com a pessoa de Julio César, secretário. Mas com instituições que representavam a secretaria de cultura, as quais nos negaram viablização e valorização por vezes até sem o conhecimento do mesmo.


2- Nem eu nem ninguém associado ao Cineclube Silenzio responde pelo nome ou pseudônimo de Clarice Tomé nem tem nenhuma relação com os chamados 'e-mails apócrifos' mandados em nome desta. (eu pessoalmente até achei que essa pessoa realmente existia)


3- Ao dizer que estamos contando com uma instituição séria e competente como o SESC não estamos necessariamente dizendo que as outras não são dignas desses adjetivos. Só estamos realçando essas qualidades na instituição privada do SESC


4- Não iremos retirar nenhum comentário a respeito de nossa triste passagem do antigo cineclube silenzio, pois seria faltar com a verdade, fomos desvalorizados seja quanto a legendagem de um acervo que agora já passa dos 300 filmes seja por querer um nível de qualidade nas exibições.


5- E finalmente e MAIS IMPORTANTE, o Cineclube Silenzio não tem nenhuma ligação política com nenhum partido ou filosofia de direita ou esquerda nem nunca terá, nenhum de seus membros defende qualquer idéia de nenhum dos partidos políticos. A única intenção do Cineclube é a proliferação da cultura. Unica e somente.
Não consideramos qualquer atividade cultural como concorrência e sim como APOIO. Então não iremos cair em falácias de um grupo cultural que é pequeno e deveria se ajudar mutuamente.



Atenciosamente,

Vander Colombo.
co-fundador do Cineclube Silenzio,
Legendador, tradutor, co-exibidor e co-debatedor,
Roteirista e Diretor desempregado.

6.5.07

Monty Python Ao Vivo no Hollywood Bowl

Monty Python: sexteto Inglês Monty Python composto pelos humoristas Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Terry Gilliam e Terry Jones.Fundado em 1969 e estreando no cinema em 1972, o grupo foi o criador de um humor anárquico e surreal, definido por eles como Pythonesco, e que atacava a moral, os costumes, a família, os dogmas e as tradições britânicas. Sua influência foi mundial com ecos até no Brasil via TV Pirata. Após a dissolução da trupe na década de 80, seus integrantes dirigiram e atuaram individualmente em diversas produções como Brazil, o filme,12 macacos, Um peixe chamado Wanda e As Aventuras do Barão de Munchausen.

Ao Vivo no Hollywood Bowl:Registro da apresentação dos humoristas em Los Angeles. Eles mostram alguns esquetes novos, além de quadros clássicos do "Flying Circus" Vale para mostrar o poder de improvisação dos atores (vide o esquete da competição de pobreza e o do Fórum Mundial). É possível reparar também que nem o próprios Pythons conseguem segurar o riso no meio de tanta maluquice (é de rolar no chão quando Gilliam tenta segurar o riso no esquete da aula de comédia).

Feito como uma maneira de arrecadar fundos para filmar "O Sentido da Vida", as 4 noites de apresentação do famoso grupo humorístico da Inglaterra pôde na época ser visto ao vivo por uma multidão que lotou o Hollywood Bowl.

Para quem não assistiu nenhum dos filmes: "Em Busca do Cálice Sagrado", "A Vida de Brian" e "O Sentido da Vida", é um bom modo de começar, sendo que o espetáculo une algumas das melhores esquetes do programa televisivo "Monty Python Flying Circus" exibido desde 1969 até o inicio da carreira cinematográfica.

Para ter uma idéia confira uma das cenas do filme abaixo:
Monty Python ao vivo no Hollywood Bowl será exibido neste sábado dia 12/05 às 19:30 no SESC Cascavel (endereço no topo da página)

Todos os filmes são legendados em português.

Prezamos a opinião de todos, portanto qualquer sugestão para melhoria do cineclube pode e deve ser enviada para:
gracieleweiler@sescpr.com.br
ou pelo telefone:
(45) 3225-3828


Obrigado a todos pela presença e esperamos vocês de novo lá.
Agora podendo dar o respeito que vocês merecem.
Abraços!

1.5.07

Acossado de Godard

SINOPSE


Desconsiderando as convenções formais da arte de fazer um filme, Godard apresenta uma narrativa fragmentada de um insignificante ladrão, Michel (Belmondo), indo de Marseilles à Paris em um carro roubado. Ao longo do caminho, ele mata um policial que tenta prendê-lo por excesso de velocidade. Já em Paris, ele convence uma relutante Patrícia (Seberg), sua namorada, a esconder o corpo, até ele receber um dinheiro que lhe devem. Depois, promete ele, ambos irão até a Itália. Neste ínterim, o crime de Michel já repercutira em vários jornais; ele então se esconde no apartamento de Patrícia onde, em uma inesquecível cena, eles discutem sobre livros e o flerte entre os dois, ele discursa sobre a morte, ela o informa que está grávida dele, e os dois fazem amor.

Um genuíno borra-botas, Michel Poiccard veste um traje de "valentão" com óculos escuros, terno, gravata e um chapéu de filme dos gângsters americanos dos anos 40. Ele rouba paquímetros, esvazia pneus, rouba carteiras, carros e assalta um homem em um banheiro masculino.

Quando ele é reconhecido na rua por um informante (o próprio Godard), a final e trágica perseguição se inicia. Um inspetor de polícia (Boulanger) visita Patrícia e mostra a ela a notícia do crime de seu namorado, alertando-a que, se ela não colaborar com a lei, diversos problemas iriam ser criados a ela. Uma diligência policial é formada para capturar Michel. Ele e Patrícia vão então ao cinema. Ela o ajuda a encontrar o homem que devia o dinheiro e o casal passa a noite na casa de amigos. Na manhã seguinte, ela liga para o inspetor e informa o paradeiro de Michel. Na rua, Michel está perto de pegar o seu dinheiro, quando é surpreendido pelo inspetor, que atira nele. Enquanto Michel colapsa, Patrícia assiste, impassível, à sua morte.


CRÍTICA


"Qualquer coisa vai" é o espírito por trás de Acossado, o retrato de Godard de dois personagens perdidos no labirinto do existencialismo de ruptura, como um raio em um mundo à margem de uma transformação social. O diretor tornou-se um "deus" entre a juventude e o filme é a grande conquista cinematográfica da Nouvelle Vague. François Truffaut foi aquele que relatando o fato.

Primeiro longa de Godard, Acossado é um espirituoso e romântico filme de perseguição com Jean-Paul Belmondo como um criminoso parisiense, e Joan Seberg como uma garota americana que, ocasionalmente, vive com ele. Godard, que dedicou esse filme de 90 mil dólares a Monogram Pictures, viu algo nos baratos filmes de gângster americanos que faltava aos filmes franceses; ele poetizou e o fez tão moderno (com rápidos cortes), que tornou-o uma das maiores influências para os filmes americanos dos anos 60. Aqui, ele trouxe elementos desarmoniosos - ironia, palhaçada e derrota - e buscou elementos psicológicos de diversos filmes para o seu próprio produto. O filme é leve, brincalhão e com toques de improvisação, até mesmo um pouco bobo. Os personagens, que são atordoados e desajeitados e não estão nem aí para nada, não são apenas familiares de uma maneira reveladora e excitante, eles são também terrivelmente atraentes.

Algumas participações especiais: o conhecido diretor Jean-Pierre Melville faz uma celebridade; Daniel Boulanger aparece como um inspetor de polícia; o próprio Godard como um informante; Truffaut e Chabrol.

Ao manter a história simples, Godard pôde fazer o que mais gosta: liberar o filme das convenções herdadas e empregar uma colagem de técnicas inovadoras - os chamados jump cuts, ângulos de câmera fora do comum e edição elíptica. Em uma cena, por exemplo, Godard senta-se em uma cadeira de rodas e, com a câmera no colo, filma ao longo da rua, seguindo os atores e forçando os espectadores a perceber o que é familiar, de uma maneira inovadora. Produz-se, dessa maneira, um imediatismo que deu a Acossado, como diz Godard, "um senso de viver no momento".

O estilo do filme tem um profundo efeito na história do cinema, abrindo o caminho, como observou um crítico, "para um cinema mais livre e pessoal". Também demonstrou aos cineastas o que os novelistas sempre souberam: que a maneira em que a história é contada pode ser mais importante do que a própria história. Acossado tem hoje um status de cult.


TRAILER:
Fonte: www.facom.ufba.br/ Acossado ( A Bout de Souffle)


Tempo de Duração: 86 minutos
Ano de Lançamento (França): 1959
Estúdio: Impéria / Société Nouvelle de Cinématographie / Les Films Georges de Beauregard
Distribuição: Impéria
Direção: Jean-Luc Godard
Roteiro: Jean-Luc Godard, baseado em estória de François Truffaut
Produção: Georges de Beauregard
Música: Martial Solal
Fotografia: Raoul Coutard
Desenho de Produção: Claude Chabrol
Edição: Cécile Decugis e Lila Herman

Elenco
Jean-Paul Belmondo (Michael Poiccard)
Jean Seberg (Patricia Franchisi)
Daniel Boulanger (Inspetor de polícia)
Jean-Pierre Melville (Parvulesco)
Henri-Jacques Huet (Antonio Berrutti)
Van Doude (Jornalista)
Claude Mansard (Claudius Mansard)
Jean-Luc Godard (Informante)
Richard Balducci (Tolmatchoff)
Roger Hanin (Cal Zombach)


SESSÃO: Dia 05/05
19:30hrs no SESC (endereço no topo da página)
ENTRADA GRÁTIS