Neste sábado dia 04/08
O Sesc Cineclube apresenta:
Afogando em Números (Drowning by Numbers) uma das obras-primas do genial diretor bretão Peter Greenaway
É no SESC Cascavel às 19:30hrs (às 19 horas haverá uma apresentação teatral em cima de textos de Nelson Rodrigues)
A ENTRADA É GRÁTIS
Sinopse: Três mulheres com o mesmo nome, Cissie (Joan Plowright, Juliet Stevenson, Joely Richardson), tem mais do que isso em comum, planejam afogamentos. A garantia para os crimes não virem à tona é dada por um amigo apaixonado por elas: ele declara que os afogamentos foram acidentes. Esse amigo e seu filho são obcecados por jogos de todos os tipos, que são jogados durante o filme. Um jogo também é feito com o espectador: de um a cem, descobrem-se os números, às vezes, dissimulados nos diálogos, outras vezes em lugares diferentes da cenografia. O cineasta leva o espectador a percorrer a tela como se percorre um quadro, a encontrar os números e, assim, desenhar a trama dos afogados.
Diretor: Peter Greenaway
Atores: Joan Plowright, Juliet Stevenson, Joely Richardson, Bernard Hill, Jason Edwards
Gênero: Experimental/Arte
País de Origem: Reino Unido, Holanda
Ano de Produção: 1988
Duração:
118 minutos.
Desanconselhável para menores de 15 anos
Contém cenas de:
nudez;
insinuações de sexo;
CENA:
2 comentários:
Em primeiro lugar gostaria de pedir desculpas pelo contratempo com o som na exibição deste sábado de Afogando em Números, devido ao atraso e à bela apresentação dramaturgica de Nelson Rodrigues, já estava um pouco tarde e decidimos suprimir o debate.
Mas conversando com as pessoas ao final da exibição deu para ter um base de como foi a sessão, literalmente dividiu opiniões, uns acharam belíssima, outros complexa e engenhosa demais.
Greenaway é assim, um pé na matemática outro na mitologia, a intrincada conexão de comédia de humor negro, jogos, morte e números pode soar realmente engenhosa demais para olhos que ainda não o contemplaram. Essa mistura de barroco, renascimento e pós-modernismo é a assinatura do diretor, uns adoram, outros odeiam.
Na minha opinião isso já faz uma bela obra: o simples fato de não ter ou deixar indiferenças.
E depois que se conhecesse mais começa-se a vislumbrar (e por que não viajar) no universo de Greenaway, com sorte teremos outras sessões deste diretor bretão e as pessoas poderão melhor tirar suas conclusões e/ou apreciações.
Enfim, foi uma bela sessão.
Pela primeira vez enfrentamos um pequeno problema desde o início de nosso trabalho no SESC, além de muito frio e o atraso de praticamente uma hora no início da sessão. Ainda assim, nosso fiel público permaneceu e assistiu um filme delicioso articulado cabalisticamente por uma leitura dramática de Nelson Rodrigues.
Com certeza não havia nada melhor para antecedê-lo, pois a mesma paixão que está presente nas personagens do dramaturgo aparece de forma ácida nas personagens femininas de Afogando em Números.
Greenaway tranforma a figura feminina ao mostrar até onde as suas mulheres podem ir quando querem dar cabo a um desejo ou decepção, manipulando num jogo, com regras arbitrariamente modificadas conforme a ocasião, os homens presentes em suas vidas e também as mulheres indignas de sua fidelidade.
Desprovido de sexismos, e com uma contrução mais do que simbólica, o filme poetiza a morte e mostra que os jogos estão presentes o tempo todo durante a existência dos mais atentos.
Sem mais palavras, sem análises, sem conceitos. Este é um filme que precisa ser assistido, degustado, tanto o é que para Greenaway cabe bem a citação tão conhecida de Oscar Wilde: "Definir é limitar".
"...O relógio tiquetaqueava. O instante em movimento que, segundo Sir Isaac Newton, separa o passado infinito do infinito futuro avançava inexoravelmente através da dimensão do tempo. Ou, a crer em Aristóteles, um pouco mais do possível a cada instante se tornava real; o presente imobilizava-se e ia incorporando a si o futuro, como um homem que ficasse engolindo para sempre uma fita de macarrão sem fim..."
(Aldous Huxley)
"Das qualidades necessárias ao jogo de xadrez, duas essenciais: vista pronta e paciência beneditina, qualidades preciosas na vida que também é um xadrez, com seus problemas e partidas, umas ganhas, outras perdidas, outras nulas."
(Machado de Assis)
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