16.7.07

O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla) 1968

Neste sábado, dia 21/07
às 19:30 horas
No SESC Cascavel
Entrada Gratuita


Título Original: O Bandido da Luz Vermelha
Gênero: Drama
Origem/Ano: BRA/1968
Duração: 92 min
Direção: Rogério Sganzerla
Elenco: Paulo Villaça Helena Ignês Luiz Linhares Pagano Sobrinho Roberto Luna José Marinho Ezequiel Neves Sérgio Mamberti Renato Consorte Maria Carolina Whitaker Paula Ramos Sérgio Hingst Lenoir Bittencourt lolah Brah Carlos Faraht Luís Alberto Antônio Lima Miriam Mehler Ozualdo Candeias Júlio Calasso Maurice Capovilla Neville D'Almeida Armando Barreto Carlos Reichenbach José Alberto Reis Renata Souza Dantas Ítala Nandi Sônia Braga Maurice Segall Júlio Grimberg


Inadequado para menores de 12 anos

Sinopse: Misterioso assaltante de residências luxuosas em São Paulo, chamado pela imprensa de O Bandido da Luz Vermelha, traz sempre uma lanterna vermelha e conversa longamente com suas vítimas. Apesar dos esforços da polícia, o bandido continua a circular sem problemas. Quando ele chegava, os valentes iam dormir mais cedo e as mulheres mais tarde. Clássico do Cinema Marginal, esta obra pode ser considerada como ponto de transição entre a estética do Cinema Novo e a ruptura marginal. Realizado na Boca do Lixo, este filme ainda conserva traços da produção cinema-novista que gira em torno da representação alegórica do Brasil e de sua história. Porém, a forte presença do universo urbano, da sociedade de consumo e do lixo industrial gerado por essa sociedade, marca uma nítida diferença. O abandono da ética do Cinema Novo e o aproveitamento, a partir daí, do cafona, acentuando a degradação dos personagens, vão igualmente nesta direção. Na representação do Brasil, o universo do político é explorado para aumentar o grotesco distante de uma visão global do social. "O Bandido da Luz Vemelha" é inteiramente elaborado, inclusive em sua forma narrativa, a partir dos restos da produção industrial da cultura de massas. A ausência de formas narrativas populares, como motivo para a fragmentação da linguagem, permite a adequação da narrativa da obra ao universo do lixo urbano da sociedade de consumo. O Brasil que emerge dos fragmentos desse filme já é um país completamente distinto daquele que surge nas alegorias cinema-novistas.

2 comentários:

Anônimo disse...

O comentário a respeito de O Bandido da Luz Vermelha aproxima-se e muito de discussões já realizadas durante a existência do cineclube. Aqui é possível evocar temas também presentes, por exemplo, em Acossado, em Salò, em Macunaíma, Ondas do Destino, entre outros.

Aqui, a personagem retirada da história brasileira, é colocada diante do funcionamento social de sua época, quando sua vivência é discutida enquanto sujeito individual e também como personagem do imaginário popular. Digo isso porque ao mesmo tempo em que a personagem questiona-se sobre seu papel "no mundo", sua função, sua existência; consciente do fato de ser uma celebridade forjada pela impressa e pela polícia, sabe-se e reconhece-se apenas como um "improvisador".

Ao mesmo tempo em que depara-se diante do espelho e pergunta-se: "quem sou eu?", escreve cartas para a polícia corrigindo sua ortografia correta ao escrever "Cabessão" com o intuito de passar a imagem esperada por aqueles, do marginal ignorante, burro, mas que individualmente assalta uma residência para conseguir uma enciclopédia britânica.

Seu comportamento é uma contradição constante, assumindo a malandragem sui generis brasileira diante da marginalidade, da bandidagem e do amadorismo, desta vez, realizados pela polícia, política e mídia. Há de lembrar ainda, que este filme foi rodado em 1968 e ainda demonstra bem o comportamento destas três instituições diante de criminosos contemporâneos, tais como Beira Mar, Elias Maluco e outros, que são endeusados e acabam sendo considerados lendas históricas.

Exemplo disso se tem quando ouvimos tocar India, toda vez que a polícia aparece, um político justificando sua ladroagem quando perguntado do assassinato de seu inimigo com 60 tiros etc.

Outro ponto a ser citado refere-se já ao filme em si, que sendo um marco do cinema marginal ilustra bem a realidade da época como um "manual de leitura" (até os dias de hoje) da realidade do "terceiro mundo". A marginalidade aqui refere-se não ao termo em si usado para definir comportamentos negativos, mas para ilustrar um desvio da cultura erudita instituída, mostrando as apropriações presentes na própria cultura brasileira que manifesta elementos diversificados e distantes do conteúdo secular requisitado ao "culto".

Por fim, acredito que muito mais poderia ser falado, contudo tal filme merece ser assistido com o olhar individual de cada espectador, que relaciona determinados elementos presentes naquele à sua própria realidade, fazendo uma ponte entre tal ambiente e as limitações impostas pelo ambiente na sua própria vida.

"O terceiro mundo vai explodir, quem tiver de sapato não sobra."
(Rogério Sganzerla)

Anônimo disse...

Infelizmente, O Bandido da Luz Vermelha, teve nosso menor público registrado, ao final do filme apenas 5 ou 6 pessoas ainda estavam lá.

O que pode ter duas explicações, primeiro, o festival de teatro municipal que acontecia no mesmo horário, ou o já famoso desprezo pelo cinema nacional. Esperamos fortemente que o primeiro tenha mais peso, e em setembro quando inauguraremos os Ciclos, com quatro filmes nacionais, possamos comprova-lo.

Enfim, O Bandido em sua exibição deste sábado me fez dar conta de minha própria desatenção quando vi o personagem-título pichar "Joaçaba" num muro (cidade natal de Sganzerla e deste que vos fala) pela primeira vez.

E o bom de se rever em idades diferentes filmes desta qualidade, quando o Brasil fazia filmes equiparados à Europa e não aos EUA, um pedaço bonito de nossa história cinematográfica que merece sempre ser lembrado.