6.5.07

Monty Python Ao Vivo no Hollywood Bowl

Monty Python: sexteto Inglês Monty Python composto pelos humoristas Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Terry Gilliam e Terry Jones.Fundado em 1969 e estreando no cinema em 1972, o grupo foi o criador de um humor anárquico e surreal, definido por eles como Pythonesco, e que atacava a moral, os costumes, a família, os dogmas e as tradições britânicas. Sua influência foi mundial com ecos até no Brasil via TV Pirata. Após a dissolução da trupe na década de 80, seus integrantes dirigiram e atuaram individualmente em diversas produções como Brazil, o filme,12 macacos, Um peixe chamado Wanda e As Aventuras do Barão de Munchausen.

Ao Vivo no Hollywood Bowl:Registro da apresentação dos humoristas em Los Angeles. Eles mostram alguns esquetes novos, além de quadros clássicos do "Flying Circus" Vale para mostrar o poder de improvisação dos atores (vide o esquete da competição de pobreza e o do Fórum Mundial). É possível reparar também que nem o próprios Pythons conseguem segurar o riso no meio de tanta maluquice (é de rolar no chão quando Gilliam tenta segurar o riso no esquete da aula de comédia).

Feito como uma maneira de arrecadar fundos para filmar "O Sentido da Vida", as 4 noites de apresentação do famoso grupo humorístico da Inglaterra pôde na época ser visto ao vivo por uma multidão que lotou o Hollywood Bowl.

Para quem não assistiu nenhum dos filmes: "Em Busca do Cálice Sagrado", "A Vida de Brian" e "O Sentido da Vida", é um bom modo de começar, sendo que o espetáculo une algumas das melhores esquetes do programa televisivo "Monty Python Flying Circus" exibido desde 1969 até o inicio da carreira cinematográfica.

Para ter uma idéia confira uma das cenas do filme abaixo:
Monty Python ao vivo no Hollywood Bowl será exibido neste sábado dia 12/05 às 19:30 no SESC Cascavel (endereço no topo da página)

Todos os filmes são legendados em português.

Prezamos a opinião de todos, portanto qualquer sugestão para melhoria do cineclube pode e deve ser enviada para:
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Obrigado a todos pela presença e esperamos vocês de novo lá.
Agora podendo dar o respeito que vocês merecem.
Abraços!

3 comentários:

Anônimo disse...

Novamente, retomando a discussão antropológica direcionada ao filme exibido neste sábado, apresento uma leitura voltada ao trabalho completo do grupo Monty Python, mais do que as esquetes em si.

De modo geral em todo o show, o grupo apresenta uma crítica pesada às instituições ordenativas da sociedade (igreja, família, organizações políticas, intelectualidade, polícia, entre outras) a partir da forma-riso, analisado desta vez, sob a tutela de Massimo Canevacci e de seu livro "Antropologia do Cinema".

Para Canevacci, e além, retomando o antropólogo clássico Claude Lévi-Strauss, a "eficácia simbólica" da comédia, ou em outras palavras, a comédia que atinge um público e permite o riso, só é possível a partir de uma auto-identificação com a situação dada, onde o relacionamento de forças (neste caso, das intituições coercitivas) são criticados a partir da ofensa "positiva", quando ao invés de longos discursos e acusações argumentativas, os autores-atores prendem-se à sistematização de "equívocos" cometidos pelas mesmas através da sátira e do riso.

Isso é percebido quando relaciona-se o "mal-estar da civilização" freudiano, ou seja, a angústia inerente à todo ser humano, que numa batalha diária e constante, procura em suas ações fugir da dor, para tão logo alcançar sua felicidade. Assim, essa mímeses, esse auto-reconhecimento que Canevacci coloca, permite por sua vez, uma "expurgação" da angústia através do riso e um "bem-estar" momentâneo, resultado direto do confronto "sadio" entre o tratamento cômico dado àquele que no dia-a-dia é o opressor.

Em outras palavras ainda, a função do riso, da comédia, da satirização ou ainda de modo mais potente, da demonização destes "opressores" é a de permitir um posicionamento superiorizado do indivíduo que "ofende", que faz rir e daquele que ri, como um orgasmo socializado.

Apesar então de a comédia e o riso não serem por si uma afronta real de contravenção à estes opressores, funciona como um paliativo, fazendo com que este sujeito que ri aproprie-se individualmente das piadas ouvidas-vistas e as aplique em sua realidade numa forma positiva para si, sem modificações (ou não) no funcionamento real das relações de força a que este é submetido.

Um exemplo disso é a campanha de uma marca de cerveja que coloca a quarta-feira como um novo dia para os colegas de trabalho irem ao bar tirar sarro do chefe, podendo assim trabalhar mais tranquilamente, sem tanto stress, na quinta e na sexta, esperando o fim de semana para realizar novamente este "ritual de limpeza".

Em resumo, como dito, o riso desta forma é uma injeção de ânimo
que permite a conscientização das relações de força presentes na sociedade a partir de uma linguagem mais descontraida e que ao mesmo tempo faz com que este mal-estar obrigatório da submissão seja um pouco mais aceitável, "engulível"...

"Viver de graça é mais barato."
(Guimarães Rosa)

Camy disse...

O que tornou os filmes e apresentações do Monty Python populares (ao menos um dia foram populares, hoje é um humor mais "cult") é por terem feito um "humor democrático", abrangendo vários tipos de público. Dentro de um mesmo quadro temos tanto o humor pastelão como o humor mais fino, mais inteligente.

Os motivos que nos levam ao riso são diferentes: o absurdo da cena, a exposição de uma personagem em determinada situação em que não estamos acostumadas a vê-la, as piadas clichês mas totalmente reformuladas, e rimos até mesmo por nos identificarmos com o ridículo de uma cena, como uma forma de nos redimirmos por já termos passado por tal situação.

O riso é uma forma do humano expressar sentimentos, os mais diferentes possíveis, como o desprezo (com um riso de escárnio), alegria, angústia (com aquele riso nervoso) ou simplesmente pelo cômico, por achar algo absurdo onde a única reação que nos resta é o riso.

Dentro das exibições do Monty Python, há uma predominância do riso de escárnio por suas críticas aos valores predominantes, aqueles que a sociedade aceita como dogmas (religião, a realeza, a filosofia...) e o riso do absurdo, pelas situações serem todas levadas ao extremo.

Independente do motivo que nos suscita o riso, ele sempre é uma forma de extravasar um sentimento, socializando-o com os demais ou consigo mesmo, numa forma de rir de nossa insignificante existência.

Anônimo disse...

Monty Python, é Monty Python, não teve cópia a sua altura.
Nem mesmo os próprios integrantes trabalhando sozinhos não conseguiram chegar aos pés do grupo original quando se trata de comédia.

Esse show no Hollywood Bowl apesar de não ser uma representação fiel de tudo o que o grupo pode fazer, consegue dar uma boa idéia.

Como foi discutido, os Pythons fizeram pela comédia o que Buñuel fez pelo drama, botaram a cara a tapa e criticam as mais sagradas instituições bretãs e mundiais. Sem o menor o pudor, cantaram "Every Sperm is Sacred" e e logo depois criticaram a repressão sexual protestante.

Cantaram "Sempre olhe o lado bom da vida" para uma alegoria cristã de crucificados e não perdoaram nem mesmo a Lenda "mor" da Grã-Bretanha que a do Rei Arthur.

Não há muito o que analisar cinematograficamente a apresentação no Hollywood Bowl, pois a produção faz questão de ser tosca (e com muito orgulho), vide a releitura de Chapeuzinho Vermelho. Porém naquele momento os Pythons tenham comprovado a utópica expressão de que "cinema se faz com uma camera na mão e uma idéia na cabeça"

No meu ponto de vista a sessão foi vista com um certo ar de saudosismo, e indignação por conta dos caminhos que traça hoje, a carruagem do humor.

Fica como (também na minha opinião) o ápice do show que foi a esquete dos novos ricos falando sobre seu passado miserável.

Impagável, inimitável e inenarrável e como todo quadro dos Pythons que se preze acaba com um...


BUM!