11.8.08

16/08 - O Clube da Felicidade e da Sorte (Wayne Wang)

Neste Sábado Dia 16/08 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA



Um filme extraordinário que relata a épica história de quatro famílias e suas incríveis vidas, cheias de alegrias, tristeza, riqueza e magia. Desde os campos da China, dilacerados pela guerra no começo do século, até os dias de hoje, na moderna San Francisco, você vai conviver com as esperanças, os sonhos e vitórias de duas gerações, revelados através das lembranças de quatro mulheres. Elas contam os fatos que marcaram e transformaram suas vidas para sempre. Baseado no romance de Amy Tan, um dos grandes sucessos do momento, elogiado pela crítica do mundo inteiro.
Gênero Drama
Atores Tsai Chin, Kieu Chinh, Lisa Lu, France Nuyen, Rosalind Chao, Tamlyn Tomita,
Direção Wayne Wang,
Idioma Português, Inglês,
Legendas Português, Espanhol,
Ano de produção 1993
País de produção Estados Unidos,
Duração 139 min.

Estabilidade e ‘Mutação’ Cultural

Laysmara Carneiro Edoardo

Socióloga

laysedoardo@gmail.com

“Que existe mais, senão afirmar a multiplicidade do real?

A igual probabilidade dos eventos impossíveis?

A eterna troca de tudo em tudo?

A única realidade absoluta?

Seres se traduzem.

Tudo pode ser metáfora de alguma outra coisa ou de coisa alguma.

Tudo irremediavelmente metamorfose!”

Paulo Leminski

O papel da instituição familiar na manutenção dos valores tradicionais vem sendo bastante discutido, pois esta como a primeira introdução das crianças no mundo dos homens, faz com que elas percebam o mundo exterior e dele retirem referências para que sejam inseridas no mundo dos pais e, posteriormente, também no universo dos amigos, escola, igreja, televisão, etc., envolvendo, entre outras variáveis, inclusive questões como a mudança de ambientes e a extrema tradicionalidade cultural, como no caso do filme O Clube da Felicidade e da Sorte.

Assim, a socialização primária, como é chamada pelos sociólogos Peter Berger e Thomas Luckmann em A Construção Social da Realidade, trata-se, portanto, da primeira interiorização do mundo, ponto inicial da ação de “compreensão dos nossos semelhantes e, em segundo lugar, da apreensão do mundo como realidade social dotada de sentido”, sabendo-se este conjunto o responsável por apropriar os aspirantes desde a linguagem até as regras de comportamento requeridas para a vivência em sociedade.

Para tais autores, configura-se em um “processo dialético em curso, composto de três momentos: exteriorização, objetivação e interiorização” que concorrem simultaneamente e constituem de forma gradativa o embate entre estabilidade e mutação de uma tradição. Ora, no interior de uma determinada cultura há dois conjuntos de forças: um que atua no sentido da estabilidade e outro que pressiona no sentido da mutação, configurando pequenas mudanças e adequações, resultantes, por um lado, do próprio processo histórico, e de outro, pelos contatos, trocas e individualidades. Em outras palavras, flexibilizações e adaptações no controle social dos comportamentos, são decorrência das diferentes interiorizações da realidade, visto que cada geração, fruto de um determinado momento histórico, adquire uma nova experiência ao conhecer as tradições dos adultos, num processo bastante conflituoso de socialização versus individualidade e contexto.

Assim, as experiências pessoais de percepção e seleção de valores fazem com que mudanças gradativas no todo cultural ocorram e, logicamente, conflitos com os modelos anteriores sejam verificados, tanto na relação pais e filhos (como o caso de O Clube da Felicidade e da Sorte), professores e alunos, entre outros; pelo fato, aparentemente simples, da influência do mundo sobre o indivíduo e vice-versa, pois este assimila o mundo exterior por meio daquilo que experimenta, e não só pelo aprendizado repassado pelas gerações anteriores. Tal sujeito apreende “a si próprio como um ser ao mesmo tempo interior e exterior à sociedade [que] simultaneamente exterioriza seu próprio ser no mundo social e interioriza este último como realidade objetiva”, formando grupos, releituras de antigas tradições e, finalmente, modificações no fazer de uma sociedade.

Baseado do livro de Amy Tan, o filme O Clube da Felicidade e da Sorte conta a história de quatro famílias chinesas que migram para os EUA na década de 40. A nova cultura vai diretamente contra os preceitos aprendidos pelas famílias que foram criadas no oriente, e esse choque é o tema essencial do filme; porém o drama humano é o que se sobressai nas relações entre mães e filhas que ao passo que parecem se anular pelo próprio conflito entre gerações e no abismo cultural, se aproximam no tema universal do amor incomunicável familiar.

O filme O Clube da Felicidade e da Sorte será exibido neste sábado dia 16/08 às 19:30h no SESC Cineclube Silenzio

A entrada é gratuita.

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