24.2.08

01/03 - Amadeus - Versão do Diretor (Milos Forman)

Neste Sábado dia 01/03 às 19:30h
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA


Título Original:
Amadeus

Gênero: Drama

Tempo de Duração: 158 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1984
Estúdio: Orion Pictures Corporation
Distribuição: Orion Pictures Corporation
Direção: Milos Forman
Roteiro: Peter Shaffer, baseado em peça de Peter Shaffer
Produção: Saul Zaentz
Música: John Strauss
Direção de Fotografia: Miroslav Ondrícek
Desenho de Produção: Patrizia von Brandenstein
Direção de Arte: Karel Cerny
Figurino: Theodor Pistek
Edição: Michael Chandler e Nena Danevic

seta3.gif (99 bytes) Elenco

F. Murray Abraham (Antonio Salieri)
Tom Hulce (Wolfgang Amadeus Mozart)
Elizabeth Berridge (Constanze Mozart)
Simon Callow (Emanuel Schikaneder)
Roy Dotrice (Leopold Mozart)
Christine Ebersole (Katerina Cavalieri)
Jeffrey Jones (Imperador Joseph II)
Charles Kay (Conde de Orsini-Rosenberg)
Kenny Baker (Comendador)
Lisabeth Bartlett (Papagena)
Barbara Bryne (Frau Weber)
Martin Cavina (Jovem Salieri)
Roderick Cook (Conde Von Struck)
Milan Demjanenko (Karl Mozart)
Peter DiGesu (Francesco Salieri)



seta3.gif (99 bytes) Sinopse
Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus.



- Ganhou 8 Oscars, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (F. Murray Abraham), Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado. Recebeu ainda outras 3 indicações, nas seguintes categorias: Melhor Ator (Tom Hulce), Melhor Fotografia e Melhor Edição.

- Ganhou 4 Globos de Ouro, nas seguintes categorias: Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator - Drama (F. Murray Abrahams) e Melhor Roteiro. Recebeu ainda outras duas indicações, nas seguintes categorias: Melhor Ator - Drama (Tom Hulce) e Melhor Ator Coadjuvante (Jeffrey Jones).

- Ganhou 4 BAFTAs, nas seguintes categorias: Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Maquiagem e Melhor Som. Foi ainda indicado em outras 5 categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (F. Murray Abraham), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino e Melhor Direção de Produção.

- Ganhou o César de Melhor Filme Estrangeiro.

- Ganhou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Contribuição Artística no Festival Internacional de Flanders.



seta3.gif (99 bytes) Curiosidades
- O ator Mel Gibson chegou a fazer testes para interpretar Mozart em Amadeus.


- O nome Amadeus, que é o nome do meio de Mozart, significa "Amado de Deus". A escolha desta palavra como sendo o título do filme se deve à uma correlação feita com a convicção de Salieri de que Mozart era abençoado por Deus ao compôr suas músicas.


- Vários acontecimentos da vida real de Mozart foram incluídos no roteiro de Amadeus, como seu encontro quando criança com Maria Antonieta.


- Todo o filme foi rodado sob luz natural.



*****************************************************************************************************************

Daylight, Câmera, Ação.

Amadeus (1984) de Milos Forman

É preciso começar já fazendo um adendo. Quando o amigo Anderson Costa me convidou a escrever esse artigo, citou-me o fato do filme Amadeus de Milos Forman sobre a vida de Wolfgang Amadeus Mozart ter sido filmado com luz natural. Como fazia muito tempo que havia visto o filme a afirmação me pareceu inverossímil já que o filme é extremamente luminoso. Neguei na hora, mas o fato ficou me incomodando, o que me fez minutos depois sentar em frente ao DVD e revê-lo. Pasmem! Com um olhar mais clínico é possível ver que tal como Barry Lyndon de Stanley Kubrick, Amadeus também foi feito com luz natural, o que o torna ainda mais peculiar entre os filmes americanos, até porque conseguiu com extrema eficiência corrigir alguns problemas de iluminação de seu precursor filmado quase dez anos antes.

O filme foi fruto de gerações de obras, primeiro foi uma peça chamada Mozart & Salieri de Aleksandr Puchkin, esta peça tornou-se uma ópera adaptada por Rimsky-Korsakov que por sua vez tornou-se novamente uma peça já com o nome Amadeus (que é o nome do meio de Mozart e significa Amado por Deus, o que Salieri justifica dizendo que Mozart foi o escolhido divino para a música em detrimento dele próprio) escrita por Peter Shaffer que também foi roteirista do filme. Vê-se então que muita pesquisa foi feita antes do filme chegar às telas, mas não é por isso que ele se calca na realidade, pelo contrário, como a história de Mozart assim com a de Antonio Salieri, é formada quase que por páginas em branco devido ao não-registro de época, permitiu-se ao roteiro preencher as lacunas das misteriosas biografias dos dois compositores com maestria, isso acabou gerando alguns protestos da comunidade artística principalmente no que se refere a Antonio Salieri.

Em noite de Oscar não se pode deixar de lembrar que o filme faturou oito estatuetas na época (filme, direção, ator (F. Murray Abraham), direção de arte, figurino, maquiagem, som e roteiro adaptado). Hoje já se sabe que o prêmio da Academia não reflete necessariamente a qualidade artística de uma obra, mas qualquer festival que se preze teria concedido a Amadeus todos esses e outros prêmios. É difícil explicar o efeito causado pelo filme, mas pode-se verificar que nenhum filme de época foi tão moderno e nenhum filme sobre música feito depois deste, escaparia da comparação e da preferência pelo primeiro.

E há uma trindade que certifica à Amadeus, a qualidade de ser sagrado, a primeira das forças com toda a certeza é o uso da música de Mozart. Raramente se viu a trilha sonora tornar-se indiscutivelmente um personagem que permeia a história de tal forma que é impossível imaginar-se um sem o outro (quem já viu sabe que nunca, depois do filme, poder-se-á ouvir ao Réquiem (K. 626) sem lembrar-se da partitura sendo ditada).

A segunda delas é a interpretação da dupla central. Tom Hulce deu vida a Mozart, tanto que quando se pensa no compositor, lembra-se de sua atuação, infelizmente (pra ele) o personagem ficou tão atrelado que Hulce nunca mais voltou a fazer um papel à altura, o mesmo aconteceu com Frank Murray Abraham que fez uma atuação quase espírita como Salieri, creio que nunca se viu um ator com tamanha segurança em diversas fases da vida de um personagem (em especial na velhice de Salieri quando este narra a história do filme). Resultado: Hulce apesar da excelente atuação acabou ofuscado pelo Salieri de Abraham que levou um caminhão de prêmios pra casa e construiu um dos vilões mais tridimensionais da história do cinema, porém teve todos os papéis futuros sempre ligados ao do compositor italiano. O que vemos então para deleite dos espectadores é um duelo incessante de interpretações com “Salieri” levando uma pequena vantagem em relação a “Mozart”, conseguindo assim na disputa de interpretação, uma originalidade sem par para a rivalidade de seus personagens.

E a terceira força é o próprio Milos Forman, que refugiado nos EUA volta à sua terra natal para filmar Amadeus conseguindo um resultado que só tem comparativo em sua carreira com “Um Estranho no Ninho”. Possivelmente um Amadeus sem a batuta milimétrica e sensível de Milos Forman, acabaria se tornando uma coleção de clichês maniqueístas que culminariam em “mais um daqueles filmes de época” sem graça, sem alma, sem sentido de existir como muitos filmes das mesmas bandas. E assim como Mozart e Salieri em Viena, havia Forman e Kubrick nos EUA, disputando uma saudável rivalidade, seja Kubrick trazendo Jack Nicholson para O Iluminado após ver Um Estranho no Ninho, seja Milos Forman fazendo um espetáculo em luz natural ou daylight após ver Barry Lyndon.

Amadeus Versão do Diretor será exibido no SESC Cineclube Silenzio no sábado dia primeiro de março (01/03) com sessão iniciando às 19:30h.

Vander Colombo

Nenhum comentário: