3.9.07

CICLO CINEMA NACIONAL

Primeiro Ciclo no SESC Cineclube Silenzio dedicado ao Cinema Brasileiro

Sempre às 19:30hrs, Sempre GRÁTIS




SEGUNDA DIA 03/09


A MEIA NOITE LEVAREI SUA ALMA



O cruel e sádico coveiro Zé do Caixão, temido e odiado pelos moradores de uma cidadezinha do interior está obsecado em conseguir gerar o filho perfeito, aquele que possa dar continuidade ao seu sangue! A sua mulher não consegue engravidar e ele acredita que a namorada do seu melhor amigo é a mulher ideal que procura. Violada por Zé do Caixão, a rapariga quer cometer suicídio para regressar do mundo dos mortos e levar a alma danada daquele que a violou.



Dir.: José Mojica Marins


Elenco: José Mojica Marins, Magda Mei, Nivaldo de Lima, Ilídio Martins.


1963, Preto e branco, 81 minutos




TERÇA DIA 04/09


BOLEIROS - ERA UMA VEZ O FUTEBOL



Boleiros - Era Uma Vez o Futebol resgata a emoção do jogo. O futebol é o esporte mais apaixonante de todos, ele consegue unir raças, idéias e ideais num mesmo objetivo: torcer pelo seu time ou seleção. No Brasil, ele é muito mais do que um esporte, ele é política, economia, sociologia e paixão. No filme, todas essas características são muito bem evidenciadas por Ugo Giorgetti. A história toda se passa numa mesa de um bar em São Paulo, lugar perfeito para se discutir futebol, onde um grupo de ex-jogadores se reúne para lembrar o passado e comentar o presente.

Lá eles contam muitas histórias de suas vidas, que exemplificam um pouco do folclore que envolve o nosso futebol. Histórias como a do juiz ladrão, que é obrigado a roubar para os donos da casa, porque aceitou um dinheirinho por trás, mas o jogador insiste em não cooperar.

Histórias de fé, como o atleta que estava machucado e nada o fazia melhorar. Seu time, o Corinthians, ia mal das pernas... e então um grupo de torcedores resolve levá-lo para um curandeiro. O final da história nem é preciso contar. O filme conta histórias como essas, mas também mostra o lado social e de sonhos do futebol. O craque Azul, que surgiu de família pobre, conseguiu sucesso, chegou à seleção brasileira e foi humilhado nas ruas por policiais, porque estava num carro de luxo, à noite e era preto... Histórias do garoto craque de bola, pobre, mas que o tráfico levou embora. Situações engraçadas, como a do jogador garanhão do Palmeiras, que enganava o técnico na concentração, para conseguir aproveitar os solitários momentos no hotel, bem acompanhado, além das famosas mesas redondas das TVs, que sempre falam a mesma coisa!

Boleiros traz também uma visão realista e ao mesmo triste, do ex-jogador de futebol, que quando largou os gramados, não sabia mais fazer nada. Do craque que não conseguia andar nas ruas e que virou um mero desconhecido, antes amado e hoje esquecido pelas multidões, ainda correndo atrás de fama. O filme não é indicado somente para quem gosta de futebol. É indicado para pessoas que querem conhecer a dura realidade da vida, que não é feita só de sonhos e fantasias. Mas, acima de tudo, Boleiros - Era Uma Vez o Futebol, é um filme imperdível para qualquer idade, e, principalmente, para os amantes e saudosistas do futebol.



Direção: Ugo Giorgetti
Elenco:Adriano Stuart .... Otávio - Flávio Migliaccio .... Naldinho - Otávio Augusto .... Virgílio - Cássio Gabus Mendes .... Zé Américo - Rogério Cardoso .... Ex-árbitro - João Acaiabe .... Ari - André Abujamra .... Pai Vavá - Cazé Pecini .... Locutor de rádio - Oswaldo Campozana .... Tito - Lima Duarte .... Técnico - André Bicudo .... Caco - Aldo Bueno .... Paulinho Majestade - César Negro .... Mamamá - Paulo Coronato .... Fabinho Guerra - Elias Andreato .... Médico Cléber Colombo .... Azul - Denise Fraga .... Esposa de Azul - Antonio Grassi .... Empresário de Azul -Bruno Giordano .... Editor - Eduardo Mancini .... Torcedor do Corinthians - Róbson Nunes .... Torcedor do Corinthians - Pancho .... Torcedor do Corinthians - João Motta .... Pivete - Marisa Orth

1998, Cor, 90 minutos


QUARTA DIA 05/09


VIDAS SECAS



Muitas das vezes a transposição da literatura para a 7ª arte tem a desejar em certos pontos, talvez pela extensão do livro que de certa forma se torna inviável para o cinema, ou talvez pela essencialidade e caracterização que é muito mais acessível e detalhista no papel. Esse não é o caso de Vidas Secas, obra máxima do alagoano Graciliano Ramos que concebeu a incumbência de realizar o filme sobre seu livro a um dos maiores cineastas brasileiros, Nelson Pereira dos Santos.
Em 1955 o cineasta filmou Rio 40 Graus, filme precursor que deu origem posteriormente há um dos principais movimentos cinematográficos brasileiros, o Cinema Novo. Gênero que tinha como uma de suas principais características expor a cultura, o folclore brasileiro como vertente máxima do cinema nacional. Foi somente oito anos depois, quando Nelson tinha seus 35 anos de idade que lhe surgiu a oportunidade de adaptar a obra literária de Graciliano Ramos para o cinema e demonstrar toda a sua habilidade fílmica como diretor e roteirista.
O livro/filme conta a estória de uma família de retirantes nordestinos, composta por Fabiano (Átila Iório), sua mulher Sinhá Vitória (Maria Ribeiro) e seus dois filhos. Além destes, completam marginalmente a família, a lendária cachorra Baleia e um papagaio. A vida no sertão nordestina é muito dura, o começo se dá de forma trágica, os integrantes da família fugindo da seca que castiga a região, se vêem obrigados a matar o papagaio que serve de alimento a família(no ano de 2002, foi feito um curta-metragem, Como se Morre no Cinema, que narra a história do papagaio que participou das filmagens de "Vidas Secas" em 1962, e da cachorra Baleia, mostrando bastidores do filme e depoimentos de cineastas).
Após contínua e exaustiva caminhada pela área nordestina, encontram uma fazenda abandonada, à qual futuramente passará a ser a moradia temporária do grupo. Fabiano consegue um emprego de vaqueiro e a família de certo ponto se vê instalada nas mediações da fazenda. A região parece amaldiçoada, seria o Inferno? Muita pobreza, seca, fome além de outros problemas agravam a vida de um homem, ignorante sem igual, analfabeto, humilde, ingênuo que no final das contas, a única coisa que quer é um meio digno para sobreviver no meio a terra do sol. Contexto típico de muitos nordestinos, história comum a milhões de brasileiros, que depois de muita procura e tentativas pelo sertão partem para o sul em busca de uma vida melhor.
Um detalhe importante para o entendimento do filme é uma analise semiótica sobre a cachorra Baleia, primeiro personagem a aparecer no filme e de certo modo, o mais inteligente e humano da obra. Membro essencial da família, uma das únicas diversões aparentes dos meninos, é bastante discriminada, fica sempre com os restos de comidas, e se contenta com pouco. Ao final, muito magra e sem pêlo tem um fim trágico, polêmico e muito triste.
O contexto geográfico e histórico é muito similar a Deus e o Diabo na Terra do Sol, filme de Glauber Rocha e ícone máximo do Cinema Novo, porém Vidas Secas tem um tom mais realista, documental. Nos Estados Unidos Stanley Kubrick é considerado o grande adaptador de livros, de maneira genial passou 2001: Uma Odisséia no Espaço, Laranja Mecânica, O Iluminado entre outros para a sétima arte. No Brasil, o grande adaptador é Nelson Pereira dos Santos que, além de Vidas Secas, também adaptou para os cinemas Jubiabá de Jorge Amado, Memórias do Cárcere e Tenda dos Milagres de Graciliano Ramos, além de Um Asilo Muito Louco, adaptação de O Alienista, livro de Machado de Assis.
Pouquíssimos diálogos, planos longos e lentos, focado na vida familiar e no convívio social, Vidas Secas assim como expressão máxima da habilidade escrita de Graciliano Ramos se torna talvez o melhor filme do cineasta Nelson Pereira dos Santos, com certeza o mais influente. Indicado à Palma de Ouro, um dos primeiros filmes do Cinema Novo em tese e na prática. Fotografia em preto e branco, característica que nos deixa com mais contraste à caatinga nordestina, enaltecendo a violência do sol. Infelizmente o filme não obteve sucesso imediato por aqui, demoraram cerca de três anos até circular pelos cinemas nacionais. Indicado pela British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca, o filme luta para não cair no esquecimento popular.

Direção: Nelson Pereira dos Santos
Ator/Atriz Personagem - Átila Iório - Fabiano - Maria Ribeiro - Sinhá Vitória - Orlando Macedo - Soldado Amarelo - Jofre Soares - Fazendeiro - Gilvan Lima - Garoto - Genivaldo Lima - Garota



1963, P&B, 103 minutos




QUINTA DIA 06/09


PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO



Pixote (Fernando Ramos da Silva) foi abandonado por seus pais e rouba para viver nas ruas. Ele já esteve internado em reformatórios e isto só ajudou na sua "educação", pois conviveu com todo o tipo de criminoso e jovens delinqüentes que seguem o mesmo caminho. Ele sobrevive se tornando um pequeno traficante de drogas, cafetão e assassino, mesmo tendo apenas onze anos.



Direção: Hector Babenco
Elenco: Fernando Ramos da Silva (Pixote) - Marília Pera (Sueli) - Jorge Julião (Lilica) - Gilberto Moura (Dito) - Edílson Lino (Chico) - Zenildo Oliveira Santos (Fumaça) - Cláudio Bernardo (Garatão) - Israel Feres David (Roberto Pie de Plata) - José Nílson Martins dos Santos (Diego) - Jardel Filho (Sapatos Brancos) - Rubens de Falco (Juiz) - Elke Maravilha (Débora) - Tony Tornado (Cristal) - Beatriz Segall (Viúva) - Ariclê Perez (Professora)



1981, Cor, 127 minutos

2 comentários:

Anônimo disse...

Só uma dúvida: Neste sábado não será exibido nenhum filme, certo?

CineClube Silenzio disse...

Não, este sábado o SESC estará fechado devido ao feriado