18.11.09

21/11 - Meu Tio (Jacques Tati) ÚLTIMA SESSÃO DO ANO

Neste Sábado dia 21/11 às 19:30hrs
No SESC Cineclube Silenzio
ENTRADA GRATUITA





Meu Tio (Mon Oncle)

O humor explode quando o excêntrico herói Monsieur Hulot de Jacques Tati deixa a ultra moderna casa de seu cunhado e vai para uma anti-séptica fábrica de tubos de plásticos. Tati dirige e estrela a segunda aparição do personagem Hulot. Uma deliciosa sátira da vida mecanizada. "Meu Tio" marca a segunda aparição do personagem Monsieur Hulot, anteriormente apresentado em "As Férias de Monsieur Hulot"(1953). Tati, com seu humor terno e grande poder de observação, criou esta deliciosa sátira a modernidade e ao consumo desenfreado. Com vários momentos inesquecíveis (a casa onde tudo é desconfortavelmente arrumado, limpo e mecanizado; todas com o sobrinho; as de Hulot na fábrica e andando pelos vários andares e compartimentos do seu apartamento, etc), Tati, com toda sua mestria, criou uma obra que é puro encantamento !


Atores Jacques Tati, Jean Pierre Zola, Adrienne Servantie, Lucien Fregis, Betty Schneider,
Direção Jacques Tati,
Idioma Francês,
Legendas Português,
Ano de produção 1956
País de produção Franca,
Duração 116 min.


* Oscar® (1958):
Vencedor de melhor filme estrangeiro.

* Cannes (1958):
Prêmio especial do juri.

* Associação dos Críticos de Nova York:
Vencedor de melhor filme estrangeiro.



Enquanto mostra sua casa, comenta a viciada em limpeza Madame Arpel com sua vizinha “E essa é minha sala de estar”, que prontamente responde “Ela é um pouco vazia, não?”. Surpresa, a anfitriã retruca: “Mas é moderno!”. A óbvia relação entre vazio e moderno é atual, mas Jacques Tati havia nos avisado disso lá em 1958, ao lançar Meu Tio, seu filme francês de menor sucesso comercial à época, mas o mais reconhecido (tardiamente), tendo, inclusive, conquistado o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na premiação do ano seguinte.

Aparentemente simples e direto, conta a história de uma família totalmente dependente da tecnologia fútil, tudo automatizado e superficial; e até hoje penso se o fato do chefe da família e da madame Arpel serem gordinhos foi mera coincidência ou se Tati já estava criticando o ócio da sociedade perante a automatização. O fato é que o filho do casal, Gerard, vê aquilo tudo com tédio e desgosto, tanto que é muito mais próximo de seu atrapalhado tio Hulot, interpretado pelo próprio Tati, um sujeito gente boa, mas bem desligado das coisas que está fazendo, acabando sempre caindo em confusões por isso.

Ao passo em que vamos acompanhando as críticas feitas por Tati, percebemos que todas elas podem ser vistas atualmente. Pense, por exemplo, na empregada com medo de passar nas luzes e ser eletrocutada; nos dias de hoje, ela teria medo de pegar câncer. Mas não há como não se impressionar com a fluidez e simplicidade que a história é contada pelo roteiro: tudo vai acontecendo devagar, sem explicações redundantes, ou você capta o que ta assistindo ou se perde em meio aos diversos efeitos sonoros que o filme apresenta para brincar com nossos raciocínios.

Só que essa simplicidade é superficial, pois o longa é lotado de pequenos detalhes que o enriquecem de maneira fantástica: o muro que divide a cidade moderna vazia da “realidade” na periferia em que vivem a maioria dos personagens, incluindo o simpático Sr. Hulot, pode ser percebido também como divisor desse contraste óbvio entre dois mundos completamente distintos (algo acentuado ainda mais nos dias de hoje, a desigualdade social).

E dito isso, volto a falar do pequeno Gerard: do lado “moderno” da cidade, onde ele pode brincar com seus trens e bolas, o menino está sempre fechado e só ri quando seu tio, vindo do "outro lado", começa a aprontar suas trapalhadas. Porém, quando o garoto está neste lado mais humilde, fica com os outros jovens, aposta moedas para fazer travessuras, come sonhos gigantes feitos por um doceiro de mão suja, enfim, diverte-se da forma mais ingênua e sincera que uma criança é.

Aproveitando a deixa da diversão, gostaria de comentar o ponto crucial para o filme funcionar: as piadas. Apesar das críticas e conteúdo, Tati não fez um filme chato ou pesado. Baseado no choque de características de seus personagens, diversas cenas hilárias são criadas, fazendo desde crianças até adultos rirem com tiradas inteligentes e ingênuas no melhor estilo “Chaves” de ser. Sr. Hulot é um personagem que não fala, seus atos são todos “Chaplinianos”, reforçados por uma genial marcação de efeitos sonoros que brinca a todo momento com o contraste entre imagem e som. A seqüência em que Charles Arpel estaciona seu carro, enquanto o velhinho levanta o braço para evitar uma colisão e, ao mesmo tempo, interrompe o som é genial. Como dito anteriormente, esses efeitos são importantíssimos para a compreensão do que está acontecendo e para a construção geral do longa.

Não lembro onde li algo sobre músicas que pode ser repetido para os filmes: “aquela que você ouve e gosta instantaneamente, ouvirá um mês e irá enjoar dela; agora aquela que você vê e não sabe se gostou ou não é a que ficará marcada para sempre”. É bem essa a sensação de ver Meu Tio hoje, depois de tantos anos e tantos filmes lançados e perceber, curiosamente, que apesar de falar de tecnologia é mais atual que muitos trabalhos lançados hoje. É o tipo de filme que vamos assistir mais de uma dezena de vezes e gostar de todas elas, cada vez mais.


Por Rodrigo Cunha

4 comentários:

Unknown disse...

Filme horroroso e chato pacas

Unknown disse...

Filme horroroso e chato pacas

Anônimo disse...

a burrice tem dessas coisas

cineclubesilenzio disse...

Eita! Vamos maneirar nos comentários pessoal...
As pessoas tem níveis de entendimento e compreensão das obras diferentes e todos devem ser respeitados.
Nem todo mundo é um expert em arte e o cineclube funciona justamente como aprendizado mútuo.